“Olho Zoomórfico / Camera Trap” Uma perspetiva crítica da nossa biosfera através da realidade-virtual
Uma das imagens usadas na exposição |
A exposição cientifico-artistica da Mariana Silva no Museu Calouste Gulbenkian que aborda temas de extinção das espécies animais e da omnipresença do ser humano no nosso ecossistema, foi uma experiência envolvente e imersiva.
O título foi o que captou minha atenção, “Olho Zoomórfico” . A humanidade e a
natureza sempre tiveram uma relação frágil de harmonia e coexistência, e segundo a
Mariana Silva a evolução das tecnologias de captura fotográfica no sec XIX foi um
“abrir de olhos” para consciência da extinção de espécies.
A exposição:
A sala de exposição, com dois ecrãs de projeção |
O núcleo da exposição era constituído por exibição de
uma curta de vídeo em dois ecrãs circulares chamados de
“Olho Zoomórfico” e uma projeção das páginas do livro “Como caçar com uma câmara, entre outros” (“How to hunt with a camera, among other things”) numa superfície interna de uma semi-esfera.
Logo que entrei na sala escura, fui completamente capturado por dois grandes ecrãs circulares. Não levou nenhum tempo para que eu estivesse completamente imerso naquele mundo onde o filme era mostrado.
O filme (obra 1)
Um still do filme, Margot a dormir |
A curta de video , com aproximadamente 21 minutos, era o centro da exposição.
Aqui era onde a actora principal Ngueve interage e experiencia um dispositivo de realidade virtual. Há um momento no filme em qual ela menciona que encomenda foi feita e entregue em um só dia , via drone. O que deixou-me humorado, pois essa ideia futurista de ter compras entregues via robôs voadores já é realidade hoje em dia.
A história continua, revelando o problema de insomnia da Ngueve e que os “óculos de realidade virtual” foram para ajudar-lha dormir. Onde ela rapidamente é consumida por imagens de simulações orgânicas como voos de pássaros em primeira pessoa, complexas redes de movimento de formigas e térmitas e observações microscópicas de insectos na sua complexidade genial e bela.
Margot ,trabalhadora num museu e uma bióloga, é a amiga e companheira de casa da Ngueve. Ela entra na cena e conta como ela apresenta no tal museu, o último espécime vivo de Dodô, e como mesmo com o último animal vivo, a espécie já está extinta, pois esse nunca poderá procriar. Esta cena deixou-me bastante pensativo, pois a realização do facto da espécie extinguir-se muito antes de todos os animais daquela espécie falecerem nunca passou na minha mente, embora seja uma conclusão obviamente lógica.
O filme continua a expandir e abordar temas como o uso das primeiras técnicas fotográficas de animais selvagens, construção de “armadilhas” onde o animal aciona a câmera para disparar, e a paralela que esta nova tecnologia criou com a caça , onde arma era a maquina fotográfica, e o gatilho era o botão do obturador.
Outro tema interessante foi um programa de “de-extinção” onde os animais já extintos eram recriados no laboratorio via métodos científicos. Esse acto pareceu ser uma forma de humanidade realizar o erro irreversível de extinguir espécies animais no seu trajeto, e uma forma de voltar para trás no tempo, uma nostalgia.
Camera trap (obra 2)
Essa peça fascinou-me. Eu sentei-me em frente da caixa côncava de superfície esférica, onde as imagens eram projetadas via um espelho convexo.As imagens projetadas lá dentro sentiam-se como se eu estivesse realmente presente em frente do livro projetado.
O livro em questão era “Como caçar com uma câmara, entre outros ” (“How to hunt with a camera, among other things”) e mostrava várias imagens a preto e branco de animais fotografados com os tais “armadilhas fotográficas”.
camera trap |
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