quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

A atividade humana enquanto sujeito da própria história

Contrariamente à filosofia alemã, que desce do céu para a terra, aqui parte-se da terra para atingir o céu. 


Karl Marx juntamente com Engels opõem-se à perspetiva formada pelos jovens hegelianos, visto que esta justificaria as transformações vividas na sociedade apenas através do plano de pensamento e da imaginação, das palavras e representações.  

Com Marx, a filosofia já não deve interpretar o mundo, mas transformá-lo, numa reconciliação entre o ideal e o real. A dialética, “revolucionária por excelência”, deixa de ser uma questão espiritual (da ideia), para ser social e política (da realidade empírica). Existe uma necessidade de nos afastar-mos deste mundo das ideias para retornar à terra, à linguagem da vida quotidiana caracterizada pela atividade humana praticada por indivíduos reais, uma supremacia da materialidade sobre a ideia.

Ao pensar na evolução da sociedade, libertos de quaisquer pressupostos, o ponto de partida deverá sempre ser a existência humana, que se revela e separa da animal primordialmente pela criação de meios de existência. Esta produção, segundo Marx e Engels será a condição fundamental de toda a história.
  
Os aspetos de produção, estão desde o início da história diretamente relacionados com o trabalho, visto que é neste que se centra a atividade humana. Através da análise do produtor, do modo como é feita a produção e o papel assumido no processo é possível proceder a uma análise de toda a ordem social. Assim, percebemos que a história estará sempre ligada ao mundo dos homens enquanto produtores.

Olhando para a sociedade em que vivemos hoje, em pleno século XXI, não poderia ser mais pertinente esta análise, visto que o trabalho terá uma importância fundamental nas formações sociais. Desde o trabalho do agricultor, que incidindo no campo, nos traz alimento para a mesa, até ao papel essencial dos professores ao formarem um futuro adulto.  

Esta divisão de trabalho, determina as relações entre os indivíduos e é dependente das mesmas. Uma força produtiva que se caracteriza por uma necessária cooperação. No trabalho que praticamos vemos um conjunto de atividades, produtivas ou criativas que nos possibilitam uma realização a nível pessoal, interação e acima de tudo um meio de subsistência. 

Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina a sua consciência.

Nesta perspetiva, o ser humano nunca poderá ser pensado sozinho e as suas relações sociais definem a própria sociedade. É este facto do homem ser primordialmente social que determinará a sua consciência, visto que esta não pode ser pensada enquanto produto de uma verdade absoluta, mas antes determinada pela relação com os outros. 


Fonte:
MARX, K. & ENGELS, F. A Ideologia Alemã. Trad. Castro e Costa

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