quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Cenário Ficcionado - Utopia de Morus


O termo "utopia" é introduzido por Thomas Morus, que o usa como título da sua obra, para significar uma sociedade perfeita e de certa forma inatingível.Apesar de não ser o primeiro texto sobre um ideal utópico,  o termo Utopia é da autoria de Morus. 

 Na sua obra, a Ilha Utopia, o "lugar sem lugar" é o cenário ficcionado que dá forma a uma forte crítica social que surge por oposição às deficiências e insuficiências da sociedade em que se inseria. É via contraste que o autor visa abanar a consciências e consequentemente incitar a reflexão sobre o funcionamento e falhas sociais.

Protegido, Thomas Morus não escreve na primeira pessoa, em vez disso, atribui a Rafael Hitlodeu (personagem) o papel de fazer a apologia. O autor faz ainda questão de enfatizar a tangente ficcional da sua obra através do cuidado com que elege os termos usados, como por exemplo a ilha Utopia ("não lugar"), a sua capital Amarouto ("cidade sem habitantes"), o rio Anidro ("rio sem água"), e o príncipe Adamos ("chefe sem povo").
A estratégia em que Morus assenta a sua escrita, permite que a crítica tecida adquira uma certa subtileza sem que se dê a necessidade renúncia do seu caráter subversivo. Estratégia esta que veio a provar-se funcional pela influência que a obra teve e continua a ter na atualidade em inúmeros aspetos.

Pelo dito, pode dizer-se que através da sua obra, o autor em questão vem  impulsionar a reforma, expondo deformidades sociais sem ter a necessidade de o fazer diretamente. O pensamento é instigado e as falhas sociais ganham lugar na consciência, com a ajuda da projeção que Thomas Morus faz de uma sociedade ficcionada, utópica e contrastante à existente na sua contemporaneidade.

A obra de Thomas Morus é então uma obra que convida à reflexão e consegue através dessa, causar movimento na sociedade.
O iluminismo do século XIX, por exemplo, vai beber à Utopia alguns dos seus ideais, destacando-se o modo de identificar deficiências sociais, propondo correções no campo da organização política da sociedade.
Também os reformistas sociais do século XIX, à semelhança de Morus, adotam a postura de espectador atento da sociedade, e mais tarde vêm propor mudanças. Como aconteceu com Robert Owen, considerado um dos rostos do socialismo utópico, que veio propor melhorias nas condições de trabalho.

É então notável o movimento relativamente a temáticas sociais, e busca de prosperidade da mesma, e evidente o papel que Thomas Morus e a sua obra constituem para a consciencialização de deformidades sociais, o que vem, por consequência, desencadear tentativas de afinações sociais, independentemente das que tenham, ou não, sido executadas.


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