Será que já parámos um pouco para pensar na influência
gigantesca que as tecnologias têm na sociedade dos dias de hoje?
Desde que nascemos que somos iluminados pelos diversos
ecrãs que nos rodeiam e calados com um Tablet que nos é posto nas mãos. Onde foi a chucha? Vivemos
num mundo digital, onde quase tudo o que precisamos está a um clique de
distância. Se, por um lado, a tecnologia conseguiu libertar o homem, por outro,
fê-lo também seu escravo. Através dos progressos tecnológicos, a comunicação,
que antes servia apenas para o puro entendimento entre pessoas, tornou-se algo
muito mais abrangente e fora do nível particular.
Para quê combinar um café, quando podemos pôr a conversa
em dia através de mensagens ou Skype? Para quê perder tempo a ir a um
restaurante, quando podemos ficar em casa e esperar que a comida venha até nós?
Para quê gastar dinheiro no cinema quando temos pipocas que o Continente nos
veio entregar a casa e um computador que reproduz o filme que nos apetecer?
E coloco agora uma questão que acho bastante relevante:
para quê passar a vida a estudar e tirar um curso que talvez nos faça arranjar
um trabalho, muito provavelmente, mal remunerado? Até que ponto vale a pena
andar a “queimar pestanas” uma vida inteira quando se pode simplesmente fazer
um vídeo e publicá-lo na internet?
Pois bem, a verdade é que, cada vez mais, a nossa
sociedade vive agarrada aos telemóveis e aos computadores e a tudo o que
consiga estabelecer uma ligação à internet. Já nem se fala das televisões, que
essas foram ultrapassadas pelos computadores e raras são as pessoas que não
preferem ver um episódio de uma série quando lhes apetece em vez de esperar
pela hora y do dia x, e ainda apanhar com montes de anúncios que não podem
“ignorar”.
E quanto mais presos às tecnologias, mais conteúdo
procuramos e mais novidades queremos ver. Mesmo que não acrescentem nada de
novo. “Que interessa se já vi 23 vídeos com gatos no YouTube? Se há mais um,
quero ver.”
Muitas são as pessoas que pensam assim e passam dias e
dias de uma vida a olhar para um ecrã enquanto o tempo passa. E a realidade é
que, enquanto umas se sentam a ver, outras ganham a vida. Um simples vídeo pode
mudar tudo. Num momento estamos a gravar uma parvoíce ou uma proeza qualquer,
noutro a publicá-la, e no seguinte, fomos convidados para ir ao programa da
Ellen Degeneres porque os 10 milhões de pessoas que viram o vídeo não chegam, e
o resto do mundo também precisa de saber que o meu cão consegue fazer o pino
enquanto eu como mousse de chocolate. E de repente, somos famosos e ganhamos
dinheiro onde quer que vamos porque todos nos querem conhecer e pagam só para
ter 30 segundos de conversa e tirar uma selfie. Mas o engraçado é que, na
maioria dos casos, não há cão nenhum a fazer o pino, mas sim uma pessoa
completamente normal a falar sobre o que aconteceu durante o seu dia ou a fazer
um desafio parvo que envolve comida. E o problema é que as pessoas veêm. E
quando veêm um, querem ver mais.
A fórmula é simples, tanto para quem faz, como para quem
assiste. 5 minutos podem tornar-nos famosos. Uma parte ganha a desejada fama e faz
dinheiro, e a outra, agarrada aos dispositivos, esquece os problemas diários
por umas horas e diverte-se a “espiar” a vida dos outros. Por isso volto a
questionar: para quê passar a vida a estudar e trabalhar? Se formos a ver,
basta um canal de YouTube e temos a vida feita.
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