sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O ESPELHO, Andrei Tarkovsky - Recensão





                                                                Poster de O Espelho , 1975




Andrei Tarkovsky cria uma ideia de meditação acerca da guerra, memória e tempo, conciliando eventos da sua própria vida. O Espelho fala acerca dos pensamentos e memórias de Alexei (representando o próprio Tarkovsky), e do seu mundo enquanto vários estágios da sua vida - criança, jovem adulto e meia idade. O filme fala numa estrutura descontinuada, combinando universos de sonhos e memórias acompanhados de arquivos noticiários.


Neste filme, Tarkovsky trata a ideia de uma justaposição das suas memórias de infância com as de um outro - numa nostalgia e encontro do eu - excepto de que esta ideia é expressa através do uso de memórias. Divide-se em três atos temporais, em diferentes estâncias da idade do realizador e possui uma dimensão autobiográfica que nos contrai a uma reflexão entre o ficcional e o real, entre a subjetividade e a objetividade.
Numa primeira observação deste filme, a confluência e junção das memórias é pouco percetível, tornando o filme resiliente na medida em que se “transforma” entre tempos. As vagas temporais e a recriação ficcional com arquivo surgem sem ordem concreta, com a diferença entre filme a cor e a preto e branco, sendo no inicio um fator de confusão para o espetador. A confusão persiste ao adicionado o facto de dois atores- Margarita Terekhova e Ignat Daniltsev - que interpretam determinado papel a determinado momento do filme, encaram outros em momentos posteriores sem qualquer distinção a nível físico. 



                                                                   O Espelho, Andrei Tarkovsky, 1975


À primeira crítica e observação do Espelho o filme é quase um enredo de memórias e confuso, contudo à medida que com determinado intervalo de tempo e quanto mais é visto, é-nos possível desembaraça-lo - acaba por dar relevância a certos detalhes ou cenas do filme e entender melhor esta narrativa intercalada. A banda sonora acaba por juntar a este filme a nostalgia e por vezes dramatismo que o mesmo cria,

Assim, o filme “Espelho” acaba por se tornar não só uma relação autobriográfica de Tarkovsky como nos acaba a levar a nós enquanto espetadores para um universo de imagens oníricas e carregadas de simbologias, quase que como se tratasse de uma peça musical ou teatro. Um filme que nos surpreende cada vez que é visto e nos encanta a cada uma dessas vezes.
Para alguém que esteja interessado no visionamento do filme, encontra-se no youtube legendado em inglês.

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