quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Paris, Texas - Recensão

          Paris, Texas (1984) de Wim Wenders, conta a história de um homem chamado Travis Henderson que desaparece durante 4 anos sem ninguém saber porquê. O filme começa com Travis a caminhar pelo deserto do Texas e a encontrar um bar onde desmaia e é ajudado. Foi levado para um hospital, onde durante a sua estadia não disse nada a ninguém, o médico acaba por chamar o seu irmão Walt Henderson para o vir buscar. Depois de uma busca pelo deserto Walt encontra o seu irmão Travis mais uma vez a vaguear e começam a viagem de regresso a casa. Durante a ausência de Travis o seu irmão tomou conta do seu filho juntamente com a sua mulher Anne Henderson. Com o passar do tempo a vida de Travis começa a recompor-se inclusivé já tem uma ligação mais próxima com o seu filho mas ainda não sabe onde é que a sua mulher está, Jane Henderson. Graças a Anne, Travis sabe onde a pode encontrar e vai ao seu encontro levando o filho. Jane trabalha num bordel, no primeiro encontro entre os dois ela não o consegue ver e ele não tem palavras para lhe dirigir. Travis deixa o filho num hotel com uma gravação a explicar que não conseguia mais estar presente na vida dele porque não se perdoava pelas coisas que tinha feito no passado. De volta ao bordel Travis vai falar com Jane mas desta vez vai contar tudo o que aconteceu, o motivo pelo qual se foi embora durante os 4 anos, para ela entender quem ele é. O filme acaba com Travis a ir embora e Jane a ir ter com o seu filho.




          Para além de ser um filme memorável pela empatia que Wim Wenders cria entre nós e a personagem principal, pela fotografia minuciosa de Robby Muller é também um critica à sociedade americana que vive numa completa alienação. Podemos notar essa critica quando Anne teme que o casamento com Walt acabe se o filho do irmão se for embora, como se a criança fosse o laço de união do casamento. Mas maioritariamente esta alienação faz-se notar na personagem principal que se afasta por completo da sua vida, sem explicações e sem avisar ninguém. Afasta-se da confusão de uma sociedade em crescimento que a cada dia que passa ganha mais velocidade. Travis quando conta que acorda e está em chamas a primeira coisa que fez foi tentar encontrar Jane e o filho, completamente sem noção que secalhar quem lhe pegou fogo foi ela por causa da relação abusiva que mantinham.
          Apesar de não ser um filme que se oiça falar todos os dias, é memorável pela crueza e naturalidade com que demonstra a realidade de uma vida e não de mais um romance ao qual já estamos habituados. E talvez por não ser mais um romance é que este filme continua vivo mas apenas pelo boca-a-boca. 


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