Exposição Sol Calero Kunsthalle Lissabon
15.05.2018–25.08.2018
15.05.2018–25.08.2018
Sol Calero (n. 1982, Caracas) estudou na Universidad Complutense de Madrid e na
Universidad de la Laguna em Tenerife. Vive e trabalha em Madrid. Recentemente
tem exposta uma exposição na Kunsthalle de Lisboa. Para quem não conhece, a
kunsthalle Lissabon é
um projecto curatorial que parte da ideia de Kunsthalle não apenas como um
local, mas sobretudo como uma instituição caracterizada pela realização de
exposições temporárias, para existir como um embuste. A Kunsthalle
Lissabon posiciona-se como uma alternativa intencional aos
modelos tradicionais da prática institucional.
Sol Calero tem vindo a desenvolver uma linguagem pictórica que funciona de
maneira semelhante a souvenirs: uma representação idealizada de um lugar, que
concentra em si múltiplas camadas de uma identidade auto-projetada. O souvenir
não é um objeto retirado do seu contexto, mas antes um objeto criado para
encapsular um contexto específico e disseminá-lo como uma interpretação
abstrata. A artista recria o contexto da pintura como um souvenir. Na
exposição presente na Kunsthalle apresenta molduras originais do Peru . As
cores que utiliza baseam-se nos pigmentos da população em hierarquia
descendente de combinações raciais.
A figura 1 , Tente en el aire, foi a obra de que mais gostei. Onde a pintura é
feita sobre a parede do espaço, tornando-se fugitiva. Fugindo da própria
moldura imposta. A pintura escapa e transforma-se, mistura-se, criando os tons
das combinações raciais. Escapa à formatação imposta pela moldura, como quem
tenta escapar à formatação quadrada das televisões, computadores, telemoveis.
Ganhando a percepção de que o mundo passa a ser infinito a um
certo momento. E a noção de infinito elimina o centro do mundo. Uma
despreocupação material na pintura, desmaterializando-a, tornando-a espaço.
Efémera porque não se pode levar para lado nenhum. Mas hoje conseguimos
levar esta pintura a qualquer parte do mundo, através do registo fotográfico e
da internet. Conseguimos tornar algo que desaparece em algo que pode permanecer
para sempre, um sempre que pode ser muito curto, cheio de condicionantes.
Fig. 1 Sol Calero: Tente en el aire |
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