É interessante estudar o fenómeno de prática comum de ver um filme. Quando vemos um filme estamos sós, independentemente de estarmos com outras pessoas, é um momento de relação apenas entre nós e o objeto que visionamos. Será este um momento de renegação da condição humana de convivência com outros seres ou um fenómeno de comunicação através da imagem de uns humanos para outros? Sendo uma grande fã do mestre Hitchcock, não pude se não interrogar-me sobre os seus próprios filmes.
Nos anos 60 e 70 através da massificação dos media e do cinema, em particular, emergiu um novo interesse académico pelo estudo da relação desses meios com a sociedade, como a teoria do cinema e do filme.
Nos anos 60 e 70 através da massificação dos media e do cinema, em particular, emergiu um novo interesse académico pelo estudo da relação desses meios com a sociedade, como a teoria do cinema e do filme.
Com o
revivalismo do Marxismo nos Estado Unidos e com o crescimento exponencial de
Hollywood, os trabalhos cinematográficos mais relevantes desta época podem ser
entendidos como marxistas. Um dos mais famosos cineastas, Alfred Hitchcock, que
à partida não tem uma forte ligação às ideologias marxistas, revela, segundo
alguns teóricos e críticos de cinema influências marxistas e exposição de
conceitos e teorias de Karl Marx nos seus filmes e na sua própria forma de
trabalhar.
Hitchcock no
seu trabalho expõe alguns conceitos implícitos na teoria da alienação como a
manipulação. É conhecido por ter o dom de manipular as audiências
emocionalmente. Conseguia ter os espectadores na palma da mão e transmitir
sentimentos como nenhum outro. Tanto que lhe chamam o Mestre do Suspense.
No entanto, é
possível estabelecer uma relação mais direta nos seus filmes, tendo em especial
atenção o filme Janela Indiscreta, uma das suas mais aclamadas produções. Neste
filme é possível ter em conta o apartamento que a personagem principal, Jeffries, observa como
um micro-cosmos da vida e do mundo capitalista, o responsável pela alienação
laboral. Neste pequeno mundo nada acontece numa relação construtiva, mas em várias
partes alheias em justaposição. Nesta proposta a possibilidade de assassínio
funciona como uma espécie de ferramenta paradoxal de ligação de todas as diferentes
janelas. Introduz coerência num panorama sem atividade que ao início parecia composto
por partes isoladas. Aos espectadores e à personagem principal que também é ela
própria parte da audiência é dado o ímpeto para organizar logicamente a sequência
de fragmentos, ao mesmo tempo é-nos dada a crença de que o processo cognitivo não
é arbitrário ou limitado, que de alguma forma presente o ambiente e tem a
capacidade de o reconstruir e ordenar.
Na perspetiva
da alienação este filme também pode ser um excelente exemplo. O ser estranha-se
a si próprio e aos seus semelhantes. A alienação do homem em relação ao homem,
a si e aos outros homens no contexto da vida humana. No filme cada apartamento
representa a vida isolada de cada uma das personagem, cada um no seu fragmento
isolado, sem qualquer relação com nenhum dos outros seres integrantes da ação –
que ilustra a alienação das relações interpessoais. O problema do isolamento de
cada um pode ser ainda mais enfatizado na metáfora da parede que separa um
casal Mr Thorwald de Mrs Thorwald, o que é igualmente um indício do desfecho do
filme. No contexto da alienação pessoal
podem ser consideradas as ações peculiares que cada pessoa realiza sozinha no
seu próprio mundo, como quando “Miss
lonely-heart” prepara um jantar para um convidado imaginário.
Finalmente,
como confirmação, ao longo do filme são ditas várias frases que demonstram o
distanciamento social e a alienação urbana como “I can’t fit in here – you can’t
fit in there” dita por Lisa e a frase final de Stella “No thanks – I don’t want
any part of it!"
Este filme pode ser um perfeito retrato da sociedade atual, cada um de nós imerso no seu mundo, na sua casa, com as suas próprias ações sem vontade de interagir com o exterior até ao momento da emergência de uma força maior.
A teoria de Marx pode ser melhor explicada com a seguinte citação de Judy Cox, escritora e socióloga:
Este filme pode ser um perfeito retrato da sociedade atual, cada um de nós imerso no seu mundo, na sua casa, com as suas próprias ações sem vontade de interagir com o exterior até ao momento da emergência de uma força maior.
A teoria de Marx pode ser melhor explicada com a seguinte citação de Judy Cox, escritora e socióloga:
"Marx developed his theory of alienation to reveal the human activity that lies behind the seemingly impersonal forces dominating society. He showed how, although aspects of the society we live in appear natural and independent of us, they are the results of past human actions. For Hungarian Marxist Georg Lukács Marx's theory 'dissolves the rigid, unhistorical, natural appearance of social institutions; it reveals their historical origins and shows therefore that they are subject to history in every respect including historical decline'.2 Marx showed not only that human action in the past created the modern world, but also that human action could shape a future world free from the contradictions of capitalism. Marx developed a materialist theory of how human beings were shaped by the society they lived in, but also how they could act to change that society, how people are both 'world determined' and 'world producing'. For Marx, alienation was not rooted in the mind or in religion, as it was for his predessesors Hegel and Feuerbach. Instead Marx understood alienation as something rooted in the material world. Alienation meant loss of control, specifically the loss of control over labour. To understand why labour played such a central role in Marx's theory of alienation, we have to look first at Marx's ideas about."
Mariana Baião Santos - 10240
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