sábado, 23 de dezembro de 2017

O espetáculo do telejornal

“O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens”
A sociedade de espetáculo de Gui Debord


Nos dias de hoje, a fronteira entre o teatro e o telejornal está muito esbatida. O jornalismo atual sofre da doença da espectacularização, pois a sociedade assim o exige, visto que de outra forma a informação não era apetecível de consumir.

O telejornal é quase um momento sagrado nas casas de família onde desde pequenos somos ensinados, a respeitar esse mesmo momento, e sobre a importância do próprio meio de comunicação, pela sua característica informativa. 
Podemos encontrar memórias colectivas de grandes acontecimentos documentados pelos telejornais, como por exemplo a queda do World Trade Center, uma noticia que se torna memória pelo seu impacto chocante (emoção), tal como um grande concerto nos fica marcado na memória por ter manifestado em nós uma emoção.
O telejornal caminha no sentido da emoção, do espectáculo, ao invés de procurar passar a informação de forma clara, simples, imparcial e objectiva; a dramatização dos acontecimentos retratados resulta em mais visualizações, pelo que espectacularizar a informação é bom para os telejornais, mas isto leva a uma maior alienação dos espectadores.

O espectador do telejornal é equivalente a uma esponja, tudo o que lhe for passado será absorvido, sem questionar, pois o telejornal ocupa um lugar de respeito e autoridade /meio de comunicação mais difundido) na sociedade atual, e porque a informação é trabalhada no sentido do espetáculo, no sentido da emoção e o sentimento  e não da razão, para que o espectador não questione a informação que lhe é passada. A evolução do telejornal no sentido da emoção dá-se por exigência directa da sociedade e dos espectadores que habituados a ser bombardeados com informação a todo o momento, filtram essa mesma informação de forma rápida visando o conteúdo que lhes interessa, o que normalmente significa o conteúdo que cria uma ligação emocional com os espectadores, “agrilhoando-os”. O espectador que não usa a razão é um espectador que está preso na caverna de platão, deixando-se influenciar pelas imagens que lhe são mostradas e aceitando-as como sendo verdadeiras.

Assim o telejornal surge na sociedade de espetáculo como um elemento fulcral para a alienação das massas, que se mantêm alienadas na medida em que ficam com a ideia de que detêm a informação correta e necessária sobre os acontecimentos da sociedade e do mundo, e assim se mantém a ordem social a que estamos habituados, onde as pessoas discutem assuntos variados, com perspectivas influenciadas pelo o próprio telejornal.
O telejornal é o mediador das relações entre pessoas, que são, por sua vez o espetáculo. 

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