Num mundo onde o capitalismo é dominante no quotidiano da humanidade e condicionante da existência da mesma, o ser humano torna-se “escravo” ou “servo” do produto produzido.
A sobrevivência humana depende cada vez mais, de forma ilusória, nos objectos ou posses que achamos que temos. Na quantidade de possuímos. E este factor foi catalisador daquilo que agora cada vez mais testemunhamos que é a produção em série e a dependência pelo capital. Como Marx refere no seu texto, quando mais o Homem produz do seu objecto mais capacitado ou realizado este será. Pois bem, não só aquele que produz, como aquele que consome, e este fenómeno desencadeia um ciclo de uma incansável busca pelo produto que por sua vez esgota o mesmo, que tem de ser incansavelmente produzido para que este ciclo e relação produção-compra não morra. E esta relação cada vez mais desdenha a qualidade, trocando esta pela quantidade para satisfazer a necessidade inadiável, tanto de compra do consumidor, como produção de quem o executa, sendo este todo um processo implementador do consumismo humano.
Todo este ciclo desencadeia a ganância do poder de venda, e obtenção de bens. E esta ganância aliena o Homem, enquanto trabalhador, dos seus direitos, quer em horários de trabalho, quer no seu salário, ou até nas necessidades básicas que um ser Humano necessita para trabalhar e viver. Pois o produto acima de tudo tem de ser assegurado no mercado, mesmo que isto implique uma desvalorização da vida e condição humana, pois esta é guiada e controlada pelo capital e consumo da sociedade.
Esta alienação do Homem enquanto Homem para passar a ser condutor do produto para a sua autonomia e independência, torna de facto verdade, tanto um lado como o outro da relação produção-compra, presos ao objecto, incapacitando ambas as partes de serem algo fora do mesmo. Pois existe a necessidade insaciável do produtor produzir cada vez mais, e o comprador obter cada vez mais vontade de comprar, é originado de um factor externo para o qual o produtor é de facto produzido, pois todo este investimento, esforço, empenho e tempo é transmitido para o produto para que este possa falar por si mesmo e para que saiba cativar e atrair o público pretendido.
Com isto, o objecto ou produto, é valorizado sobre o próprio Homem, e sobre a sua própria essência, de modo a satisfazer e permitir que a sociedade viva e seja governada sobre valores capitalistas.
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