segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Arbitrariedade de Qualidade

O ser humano é o único animal capaz de produzir arte.
Mas o que é arte? Esta noção flutua entre expressão e utilidade. Entre os primeiros registos parietais para definir o homem como um individuo e outros registos onde esse tal indivíduo documenta e transmite informação via desenhos, utilização da arte como linguagem e utilização da linguagem como uma ferramenta.
Mas se concordaremos que uma das faces da arte é utilidade/utensílio/ferramenta, então como sabemos se outros animais capazes de utilizar ferramentas, não são artistas?

Os corvos utilizam pedras para esmagar nozes, os golfinhos utilizam poriferas (esponjas do mar) para proteger o focinho quando estes escavam areia no fundo marino em procura da comida, os chimpanzés criam e esculpem o melhor ramo para comer térmitas, humedecendo este com saliva e inserindo dentro de ninhos. E o homem utiliza desenho como uma forma de deixar mensagem para outros membros, até mesmo outras futuras gerações

Em todos esses casos animal cria ferramenta com um fim especifico, e esse processo é uma cadeia de acontecimentos arbitrários.

Mas o homem é um caso de complexidade exponencial. A linguagem e a comunicação eruptou com a acumulação aditiva de informação, os desenhos nas cavernas passaram de mãos para representações simplistas de humanos, depois para animais, depois para representações de armas primitivas e ferramentas. Nós passamos de desenhos parietais para desenhos em barro e madeira, onde transportação de informação ganha cada vez mais significado e qualidade com o número crescente de indivíduos contribuidores.

Chegando ao ponto onde todos nós consumimos informação e igualmente exportamos informação. Estamos constantemente a alterar, metamorfosear, a tal ferramenta que é a linguagem. Completamente inútil para qualquer outro animal ou ser, mas entre indivíduos da mesma comunidade, é cérebro partilhado por todos.

O que me leva questão, é possível quantificar essa ferramenta?
Pedras com maior peso e uma superfície especifica serão melhor a quebrar a casca das nozes do que outras, a forma e constituição de algumas esponjas é mais durável e confortável que outras, grossura e o tipo madeira de qual o ramo é esculpido será melhor para contornar os túneis de térmitas.
Com o passar de tempo e gerações a seleção natural refina e melhora ferramenta para a sua função, mas como é que se pode refinar algo cuja função é tão alastrada?

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