sábado, 23 de dezembro de 2017

Edvard Munch — Um filme (DocLisboa '16)

O filme biográfico de Edvard Munch foi apresentado na Cinemateca Portuguesa, a propósito do Doclisboa 2016. Através da leitura dos diários e escritos do pintor norueguês Edvard Munch, Peter Watkins reconstrói a vida pessoal e profissional do mesmo, mostrando-nos uma faceta real composta por medos, anseios, inibições, criatividade, génio, entre outras. A forma como os diferentes personagens nos são apresentados e o rigor histórico contribuem para o envolvimento total do espectador neste enigmático indivíduo que é o pintor Edvard Munch. Viveu uma vida pejada de tragédias, sendo uma dela a morte da sua irmã Johanne Sophie de tuberculose aos 15 anos; mais tarde, vai pintar A Menina Doente, quadro que inspirou Peter Watkins a produzir este filme. Ao olhar para ele sentiu que podia comunicar com a menina doente, que era absorvida por esse mundo. O aspecto mais marcante será o constante contacto visual que os intervenientes estabelecem com o espectador, olhando diretamente para a câmara, como se também nós pudessemos participar da ação. Por outro lado, remete para as obras do artista, que representa sempre a figura humana como se esta olhasse o observador através da pintura. Trata-se de um filme bastante exigente, não só devido à sua longa duração, mas devido ao conteúdo recheado de acontecimentos que exigem um conhecimento extenso não só de Edvard Munch e do seu contexto mas da história da pintura, sobre movimentos como o Expressionismo, no qual ele está inserido. Este movimento pretende representar emoção, muitas vezes, em detrimento da estética. O objetivo, como o nome indica, é a total expressão individual do artista. O documentário comporta assim um grande peso emocional, obrigando o leitor a relacionar-se com os sentimentos do próprio Edvard Munch, sentimentos esses que transfere para os seus quadros. É-nos apresentado Munch como ser humano, como irmão, como filho e como amante, mas principalmente a relação que estes factores têm com as suas pinturas. Depois de visionar este filme, é impossível ficar indiferente às suas obras de arte, de valor artístico inestimável, uma vez que também nós enquanto espectadores visitámos o universo de Edvard Munch e mais importante ainda: pudemos, até um certo nível, compreender o pintor em todas as suas dimensões. 






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