À medida que a população cresce e o mundo avança, os modos de proteção e controlo da população alteram-se e adaptam-se a este mesmo crescimento, tornando-se constante.
Michel Foucault numa das suas principais teses defende umas das suas maiores contribuições para a criminologia, através da percepção de como a natureza do controle do crime mudou de ameaças feitas através da violência e o medo de ser fisicamente punido, pelo controle através da vigilância - o medo de ser visto a fazer algo prejudicial. Assim a pena passa de ser um espetáculo público (como o enforcamento ou decapitações em séculos anteriores) a ser um ato escondido, tornando-se uma mudança de consciência, fazendo passar este controle para um poder disciplinar - o controlo através da monitorização e observação da população. A questão da prisão referida por Foucault, na qual os prisioneiros estão sob observação constante sem o reconhecer, passa a aplicar-se em diversas situações sob as quais o indivíduo sente pressão, seja numa loja, escola, ou mesmo através de registos eletrónicos efetuados em consultórios. Esta vigilância efetuada passa de um local como uma prisão, para o quotidiano pessoal, tornando o poder disciplinar não só sujeito a criminosos.
Com o nascimento, crescimento e desenvolvimento dos meios tecnológicos e de uma vida mais dada ao controlo de uma população através dos novos aparelhos, foi descoberta uma quase que 'espionagem' por parte de entidades e empresas, numa leitura de informação pessoal de utilizadores de um país. Esta situação, dada em 2013 e efetuada por Snowden, gerou uma grande polémica coberta por uma generalidade dos media, deixando uma grande parte da população mundial com a certeza de que de facto as suas informações passavam por terceiros. Isto cria um receio por parte da população na reduzida privacidade e na fuga de eventuais informações que seriam vistas como imprudentes. Esta observação também é feita, como referida acima, de maneira menos notória.
É exemplo disto um simples 'visto' após o envio de uma mensagem, que deixa a ânsia de uma resposta imediata (ou quase), como se fosse uma conversa na qual de facto estamos sobre observação. Ao mandar um e-mail, por exemplo, esta situação não se justifica. Não sabemos quando o e-mail foi lido, mas sim enviado, criando de certa forma uma barreira nesta 'observação' pelo outro. Esta mesma constante observação passa-se nas pesquisas feitas em computadores pessoais, nos quais os indivíduos depositam as suas questões, medos, ansiedades ou apenas entretenimento, mas através das quais os computadores adquirem dados e baseiam os anúncios e recomendações nestas mesmas pesquisas.
Em suma, a observação quase constante feita atualmente passa tanto de formas mais evidentes como menos, enquanto medida de controlo mas também quebrando uma barreira de conforto pessoal.
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