sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Mercadoria, necessidade e vicios



Tudo começa quando o homem percebe que os alimentos têm mais do que um valor (o valor de uso pessoal, de sobrevivência), começando assim a realizar-se trocas de coisas. A troca de coisas significava que uma comunidade podia ter algo que antes não tinha, que a outra comunidade possuía e vice-versa.
Com isto entende-se que, a coisa que antes só era usada para uso individual, passa a ter um valor de troca e com ela obter outros bens.

Um exemplo simples:
  1. Na área onde vive a comunidade A, há várias macieiras pelo que aquilo já é um alimento comum para a tal comunidade. Nesta área, não há mais nenhum tipo de árvores de frutos.
  2. O mesmo se sucede com a comunidade B, mas em vez de macieiras, no local onde esta esta situada, há laranjeiras.
  3. Uma das comunidades encontra a outra e apercebe-se de que aquela comunidade possui um tipo diferente de alimento. Então, entende que pode ir buscar o seu fruto local e trocar pelo fruto da área onde vive a outra comunidade.
  4. A comunidade A troca algumas maçãs por algumas laranjas da comunidade B.

Sendo assim, a mesma coisa tem diferentes valores dependendo das relações, isto é, a maçã para a comunidade A é algo comum, mas que serviu de caminho para ter uma outra coisa, e para a comunidade B é uma coisa rara nunca antes vista. A coisa de uso comum passa a ser uma moeda de troca. Com o começo destas trocas, dá-se início ao valor de troca e à mercadoria.
Com isto, inicia-se um distanciamento/separação daquilo que era natural e passa a existir algo cultural, pois este valor de troca apenas existe dentro de uma cultura.
Com a introdução de uma moeda de troca cria-se aquilo que chamo de “círculo vicioso”. Um circulo de troca de produtos.

O Homem pensa que trabalha para sobreviver, mas cada vez mais essa sobrevivência se torna em hábitos (mas cada vez mais este trabalho serve para sustentar os seus hábitos). O que quero dizer com isto é que o homem trabalha em troca de dinheiro, que devia ser trocado por coisas necessárias. É cada vez mais frequente que o dinheiro que foi trocado por trabalho, seja trocado por vícios que o homem adquire e não por coisas essenciais: comida, bebida, roupa, etc.
Será que o trabalho se objetiva em função de manter a sua existência ou de manter vícios? São estes vícios parte das coisas necessárias?
A meu ver, os hábitos só se adquirem se o Homem quiser. Se estes hábitos (por isso mesmo assim se chamam) só se obtêm se o homem quer, não fazem parte de coisas vistas como necessárias, então, os hábitos não são necessidades. Mas podem se tornar necessários. Quero com isto dizer que se chega a um ponto em que o homem se sente tão dependente de tal coisa que a vai entender como uma necessidade, sendo ela na verdade um vício.
Para que trabalha o Homem? Para sobrevivência ou para sustentar os seus “maus hábitos”?
É mau se o homem trabalhar – para além de garantir as necessidades básicas – para sustentar "alguns vícios"?
Será que, com o passar do tempo e a modificação da sociedade alguns "vícios" não passam a ser necessidades?


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