“A
profunda astúcia da operação Bichon é a de dar a ver o mundo negro através dos
olhos da criança branca: tudo aí assume, evidentemente, a aparência de um
guignol (...) No fundo, o Preto não tem uma vida plena e autônoma: é um objeto
bizarro; ele é reduzido a uma função parasita, a de distrair os homens brancos
através do seu barroco vagamente ameaçador: a Africa é um guignol um tanto
perigoso.”
— BARTHES, R. (1957/1988) “Bichon Entre os Pretos“
In Mitologias. Lisboa: Ed. 70. p.58-59.
Barthes
procura comentar na sua obra “Mitologias”, uma reportagem, envolta na “falsa
coragem” de um casal de professores e o seu bébe, Bichon. Com o objetivo de ir
à descoberta da "terra de canibais,
na procura de inspiração para a sua pintura. Tendo sido publicada, por parte da
revista Match, famosa revista Parisiense dos anos 50.
Roland
Barthes procura desenvolver em todo o texto uma relação entre povos sobre uma
mesma realidade, (branco).
Toda a sua composição transpõe claramente uma visão desadequada aos dias corrente. O contexto colonial, evidente, do qual, não temos uma visão superior enquanto espectador, mas sim uma visão observadora. Não saberíamos o que entender/fazer face a esse mesmo ponto da história. Apenas uma visão aproximada dos ideais culturais.
Toda a sua composição transpõe claramente uma visão desadequada aos dias corrente. O contexto colonial, evidente, do qual, não temos uma visão superior enquanto espectador, mas sim uma visão observadora. Não saberíamos o que entender/fazer face a esse mesmo ponto da história. Apenas uma visão aproximada dos ideais culturais.
O que
seriamos não teria significado se não fosse o nosso meio envolvente,
expectativa - Ser falado.
E
nesta narrativa, tão real, a noção de Preto ou até mesmo a noção de Branco,
advém dessa mesma expectativa. Esta fala dos outros, sobre nós, constitui-nos,
enquanto contribuição para o que o sujeito é.
O
sujeito é falado pelos outros, logo é denominado pelos outros.
A
atribuição de significações, feita por parte da revista, advém de uma ideologia
“falada”, anteriormente. Estamos a ter em atenção uma publicação que data 1957,
enraizada em princípios de colonização, associada intrinsecamente a valores
"white savior" (pessoa de raça branca
que atua de forma a ajudar pessoas das restantes raças, por via de alguma forma
de auxilio, procurando disfarçar o verdadeiro contextos egoísta/ egocêntrico da
ação).
Este tipo de comportamentos, é adotado na
atualidade por via das redes sociais. Intensificando de forma imoral a
simplificação excessiva da verdade, estereotipização, etc. em aproveitamento da
“cultura problemática” e desviando as verdadeiras intenções do voluntarismo,
que infelizmente, vêm a focar-se mais no “salvador”, que no sujeito ao qual
este foca o seu auxílio.
Esta
relação é intensificada pelo o uso da criança, por ser o ser mais simples enquanto
representante da raça (branca), novo, indefeso, ingénuo, à mercê de “perigos
estrangeiros”. Que em contrapartida entende-se como sendo dos elementos de uma
sociedade, (o mais isento possível), de quais queres significâncias, uma vez
que ainda não domina essa perceção do “ser falado”.
Embora a distância temporal, ambas as publicações/ações, em
análise, intendem o mesmo propósito, contornar os significantes atribuídos de
um “falar” pelos outros, por via de países, que tendem a ser subjugados e
simplificados à sua denominação do outro, um guignol.
Nesta
viragem, entende-se que o sujeito não enquanto significante, mas sim do lado
das ideias, do significado, da ideologia. Primorosamente, pode estar do lado de
uma Consciência Falsa. Invertendo a perspetiva de forma condescendente.
“Take
up the White Man's burden
The
savage wars of peace
Fill
full the mouth of Famine
And
bid the sickness cease;
And
when your goal is nearest
The
end for others sought,
Watch
sloth and heathen Folly
Bring
all your hopes to nought.”
— Rudyard Kipling, "The White Man's
Burden”, 1889.
Referências:
BARTHES,
R. (1957/1988) “Bichon Entre os Pretos” In Mitologias. Lisboa:
Ed. 70.
AJ+ (2017). “White Savior Complex”. [video]
SAIH. (2017). No more selfies with African kids.. [online]
Kipling, R. (1889). "The White Man's Burden: The United States and the Philippine Islands". The New York Sun.
AJ+ (2017). “White Savior Complex”. [video]
SAIH. (2017). No more selfies with African kids.. [online]
Kipling, R. (1889). "The White Man's Burden: The United States and the Philippine Islands". The New York Sun.
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