quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

O Outro Sou Eu

Estando em pleno século XXI, aquilo que a sociedade é hoje em dia, em nada se compara à que habitava o planeta Terra há milhares de anos atrás. Da mesma forma que o ser humano se desenvolveu ao longo dos anos, também a sua forma de pensar sofreu grandes alterações. No entanto, essa mesma forma de pensar, varia de pessoa para pessoa.

"O homem é dono do que cala e escravo do que fala. Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo.”

Talvez da autoria de Sigmund Freud, não se sabe com certeza quem disse ou escreveu esta frase, nem se foram estas as palavras exatas. No entanto, dá que pensar. Direta ou indiretamente, quando partilhamos a nossa opinião acerca de determinado assunto, estamos invariavelmente a deixar transparecer aspetos que revelam a nossa própria identidade.

Perante o mesmo acontecimento, duas pessoas podem ter reações completamente diferentes.
Peguemos num exemplo concreto. Dois indivíduos, X e Y, observam um casal homossexual beijar-se na rua. Quando questionado acerca do par, X fala do mesmo com desdém. Afirma que é uma falta de respeito por parte do casal e que acha nojenta tal demonstração de afeto em público. Já Y, mostra-se contente e comenta a roupa do casal, que por acaso condiz. Que nos diz isto acerca do casal? Muito pouco. As conclusões que tiramos, são maioritariamente acerca do tipo de pessoas que são X e Y. Faz-nos pensar que X talvez seja uma pessoa muito retrógrada e presa às ideias antes defendidas, uma pessoa pouco aberta à mudança. Alguém que, quando fala de falta respeito, talvez não tenha ainda experimentado “a carapuça” que certamente lhe serviria. Já Y, demonstra uma atitude positiva e ponderada. Uma pessoa que não descrimina e provavelmente apela ao tratamento igual para todos.

Através desta analogia, conseguimos talvez compreender a forma como tão facilmente nos caracterizamos ao descrever outros. A forma como julgamos alguém ou falamos a respeito do mesmo, está intimamente relacionada com a nossa maneira de ser. Cada um revela um pouco de si mesmo a partir do que identifica no outro. E é interessante reparar que, quanto mais detalhada for a descrição do outro, mais de nós ela reflete e não necessariamente aquilo que o outro é.

Contudo, é importante perceber que esta individualidade que se verifica e que nos diferencia a todos, tem uma justificação. X é contra a homossexualidade, mas não porque um dia acordou e decidiu que era isso que queria ser. Isto acontece devido a um conjunto de experiências que X viveu, devido às pessoas com quem X partilhou essas experiências e ao ambiente onde elas se desenrolaram. O mundo que nos rodeia contribui fortemente para construir a pessoa em que nos tornamos e a partir do momento em que entramos nele, estamos sob constante “contaminação”.


Quem somos, os nossos ideais, a maneira como agimos e reagimos, advém de um conjunto de fatores e elementos a que fomos expostos durante a nossa vida e que influenciaram a nossa maneira de ser.                                                     

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