«Nós sabemos não através do nosso intelecto, mas através da nossa
experiência.»
Mearleau Ponty
Uma resenha aos quadradinhos, de
autoria própria, que explora dois pontos de vista extremos sobre como podem ser
encaradas as crenças ideológicas. Um assume a omnipotência do individuo, ele é
livre de acreditar naquilo que quer acreditar. Outro assume a sua impotência,
ou seja, o individuo nada tem a ver, a não ser ex post facto, com aquilo em que acredita. Assume-se a perspetiva fenomenológica
como fonte do saber. Parte-se do postulado hegeliano de que o progresso do
Espirito se faz por meio da superação da consciência representativa que
assinala a exterioridade da substância, o em
si ainda não desenvolvido. Do em si
passa-se ao para si, a manifestação
do Conceito, o «homicídio» do Tempo, e a efetivação do Saber Absoluto. Defende-se
o retorno da diferença à identidade. Dito de outra forma, interpreta-se de uma
forma light a diferenciação enquanto
movimento de Outro de retorno ao Mesmo, como auto explicitação do Mesmo por
meio de Outro. Avoca-se que todas as palavras são grandezas negativas, ou seja,
é o que as palavras não são que as determina. A significação brota do entre
palavras, diria Saussure. O valor emerge do intricado tecido das palavras
alinhadas, diríamos nós. Tal como a palavra sozinha é vazia sem o sistema que a
alimenta virtualmente, na doutrina saussuriana, acredita-se que o individuo
partilha com a linguística o principio da vacuidade do sentido em si, ganhando
valor não por aquilo que é (dado que tem a qualidade de não ser nada em si
mesmo), mas por aquilo que os outros elementos do seu sistema não são. Nesta
ótica, no entre cria-se abertura para o ente. Desmorona-se a construção
ideológica das massas assente no juízo de valor (bom versus mau). Entende-se
tudo o que é como o estritamente necessário para o que tem de ser.
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