Torna-se cada vez mais regular nos media a exposição de movimentos de interrupção voluntária e
coletiva de atividade de funções por parte de trabalhadores como forma de
protesto ou reivindicação, tudo com o objetivo de conseguirem melhorias nas
suas condições de empregabilidade, que cada vez mais veem negadas.
A necessidade da existência de
tais movimentos só prova a relevância do que Karl Marx referia em “O Trabalho
Alienado”. A existência de uma relação de independência entre o trabalhador e o
objeto que ele mesmo produz, esta realidade de alienação, na nossa presente
sociedade torna inevitável a valorização de um em detrimento do outro. No caso
atual a balança recai sobre o trabalhador, que consistentemente é subvalorizado
enquanto ser genérico.
Do ponto de vista do empregador
as greves são um mal que acarreta prejuízos de produção, e é aí que o
trabalhador encontra um instrumento poderoso de reivindicação. Em greves que
recentemente apareceram nos media,
foram passadas testemunhas de grevistas que alegam que os seus empregadores põem
em causa aumentos e prémios de produção para os trabalhadores que aderem à
greve. É só mais uma prova da desvalorização do trabalhador em relação ao objeto
que produz, cada vez mais as pessoas se tornam prescindíveis nesta sociedade em
que a importância é colocada na quantidade de produção e não nas pessoas responsáveis
pela sua respetiva criação.
Esta realidade consumista que cada
vez mais assombra o nosso país é criada pela necessidade dos empregadores de
gerarem um crescente volume de objetos que tem de ir ao encontro da sua
respetiva procura. O peso da procura recai sobre os trabalhadores que, em proporção
com a necessidade de produção, veem as suas condições de empregabilidade
reduzidas. E que mesmo quando tentam gerar movimentos reivindicativos, de forma
a negociar a sua valorização enquanto trabalhadores, são ameaçados para que mantenham
os seus níveis de produção.
Segundo Marx, é insustentável esta
alienação do trabalho, não é possível a coexistência de uma produção
consistente com o estatuto que tem de ser atribuído ao trabalhador, de forma a
maximizar o seu potencial.
- Karl Marx (1993) "O Trabalho Alienado" in Manuscritos Económico Filosóficos. Lisboa: Ed. 70
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