quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Senso Comum

Para Karl Marx, ideologia é o meio pelo qual as ideias da classe dominante passavam a ser aceites na sociedade como naturais e normais. Daqui se depreende que esta normalidade passaria também a aplicar-se à classe trabalhadora e oprimida, contudo, através de ideias que não partiriam desta, resultando num estado permanente de falsa consciência.

Contudo, visto que algumas destas ações são praticadas por todas as classes, tratam-se de ideologias tão aceites que lentamente se fundem com o senso comum.
Entrando neste campo do senso comum, dos conhecimentos empíricos que se acumulam ao longo dos tempos numa sociedade, e deste modo concebido enquanto certo. Tendo este conceito em mente, que será o principal objetivo das ideias da classe dominante, deparamo-nos com o conceito de Hegemonia, introduzido por António Gramsci enquanto influência preponderante exercida sobre outros. 

“A hegemonia é necessária e tem que ser muito actuante pois, a experiência dos grupos oprimidos (seja por motivos de classe, sexo, raça, idade ou qualquer outro fator) contradiz constantemente a imagem que a ideologia dominante faz deles e das suas relações sociais.”

Transpondo este conceito para a reflexão de John Fiske, no primeiro capitulo da sua obra Understanding popular culture, o autor começa por dizer que dos seus 125 alunos, 118 estariam a usar calças de ganga e os outros 7, apesar de não estarem de momento a utilizar, também as tinham no seu armário. Fiske poderia ter enumerado variadíssimos exemplos para expor uma tendência contudo, olhando para o impacto desta peça de vestuário, será de senso comum pensar que todos os estudantes a devem possuir?
Se alguém é popular utilizando calças de ganga, não prescindiremos de adquirir as mesmas calças de modo a conferir-nos esta sensação de inclusão.

Hoje em dia, e dentro das diversas classes sociais enfrentamos uma padronização a nível dos indivíduos devido ao consumo de determinados produtos enquanto forma de integração social. Existe uma necessidade  geral de “aprovação” incontornável pois, qualquer tipo de diferença que se distancia dos padrões estabelecidos terá um impacto negativo. Feita esta observação, entendemos que onde existem fatores diferenciadores, está também presente a intolerância humana, que se prende com esta recusa de tudo o que foge às ideologias pré-estabelecidas na sociedade.

Assim que nascemos, é esperado um determinado comportamento e aparência e é através destes que somos julgados. São variadíssimos os fatores que hoje em dia dão lugar à discriminação contudo um dos mais debatidos será mesmo a igualdade de gênero.
Percorrendo as redes sociais, tão usadas nos dias que correm, deparei-me com um video intitulado, 'Open your Eyes',resultado de uma parceria entre Hollie McNish e Jake Dypka que já alcançou cerca de 49 334 visualizações. A peça explora a diversidade e joga com a ideia de que tudo nas nossas vidas é de alguma forma condicionado pelo género. Apesar de nunca ser revelada a verdadeira identidade de blue e de pink podemos dizer que é de senso comum que blue se refere ao rapaz e pink à rapariga. Mas porque razão?





         "Blue is told: This makes a man
Pink is told: This makes a girl 
Babies born in naked flesh, welcome to the world"

Fontes:
John Fiske (1993) Introdução ao Estudo da Comunicação, Porto Edições
John Fiske, Understanding popular culture  

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