Metropolis, a longa metragem de Fritz Lang de 1927 retrata um futuro distópico situado no ano de 2026. O progresso tecnológico impera na grande máquina que é a cidade de Metropolis, máquina essa que é sustentada pelas massas de trabalhadores oprimidos, que sem lhes ser dada escolha alguma, actuam como escravos.
A cidade divide-se em duas partes, que Fritz Lang usa como figuração para a estratificação de classes. Em cima, no Eden, residem as elites, que ostentam um estilo de vida hedonista e despreocupado, em baixo, nas Profundezas, residem os trabalhadores, que operam cada aspecto da cidade onde ninguém os pode ver.
As teorias de Marx e Engels estão bem presentes no enredo, principalmente o conceito de alienação, o trabalhador resume-se a uma mercadoria, e afasta-se daquilo que produz, a cidade, pois situando-se nas profundezas desta a assegurar a sua manutenção, o trabalhador jamais irá disfrutar do seu produto, a cidade. Construindo-a apenas para a fruição de outros, as elites. O trabalhador torna-se assim, estranho e alheio à sua produção.
O filme apresenta-nos a massa de trabalhadores, como quase que um exército mecanizado, que veste as mesmas roupas, anda exatamente ao mesmo passo, de cabeça baixa, e possui um padrão estandardizado de movimentos que efectua no trabalho, de modo a produzir sempre as mesmas coisas, sempre da mesma maneira, alienados ao seu próprio trabalho e como o produzem.
Ao longo do filme podemos observar os trabalhadores sujos, exaustos ao ponto de inconsciência mas o que alimenta as suas preocupações é sempre “Quem vai operar a máquina?”. A máquina, a produção e o objecto são as suas únicas razões de existências, o homem vive para trabalhar, e trabalha para viver.
Freder, filho do mestre da cidade, pertencente às elites, apaixona-se por Maria, que pertence à classe trabalhadora que prevê a chegada de um mediador que irá abolir as diferenças de classes. Importunado com o tratamento dos trabalhadores, infiltra-se nas profundezas para encontrar Maria.
Freder é o mediador que os trabalhadores procuravam, “o mediador entre a cabeça e as mãos deve de ser o coração”.
A cabeça representa as elites, nomeadamente o mestre da cidade que engenhou o seu funcionamento, as mãos representam o esforço físico dos trabalhadores para manter a cidade, e o coração a emoção que é precisa para reparar a divisão de classes e assegurar o bem estar dos trabalhadores, rompendo assim com a alienação que os divide das elites, humanizando-os. Mas no entanto os trabalhadores apercebem-se que as máquinas precisam tanto deles, como eles das máquinas. O trabalho preenchendo assim uma necessidade vital de produzir, necessidade esta que assegura a existência dos trabalhadores, sendo a alienação, uma consequência inevitável.
Referências:
Marx, Karl. O Trabalho Alienado, 1993, Lisboa, Ed 70.
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