O Pão Dos Deuses, Terence McKenna
A leitura de O Pão dos Deuses, de Terence McKenna, surgiu após um almoço de amigas onde discutimos sobre toda esta manipulação latente na nossa sociedade que nos faz maioritariamente destruidores, em vez de construtores aquele que deve ser o equilíbrio. Isto, em primeira mão, aplicado à Natureza, ao mundo à nossa volta.
Questionámo-nos sobre a razão pela qual “deixámos” de a respeitar — porque é esta que nos fornece os principais bens essenciais para a sobrevivência humana —, e sobre toda a falta de coerência latente nesta sociedade em relação a este assunto. Queremos proteger o nosso planeta, mas tudo o que fazemos (movidos pela ganância de poder) é destrui-lo.
Posto isto, surgiu o nome deste livro que nos dá uma visão alargada da relação Homem/Natureza ao longo da história da Humanidade. Dias depois estava a requisita-lo na Biblioteca Camões e logo me apercebo que o tema deste livro vai um pouco mais além do tema que tinha falado anteriormente com as minhas amigas.
“Uma história radical das Drogas, das Plantas e da Evolução Humana.” é a frase que introduz este livro que nos oferece uma extensa reflexão acerca do “nosso mundo perturbado” abordando assuntos que, de alguma forma, alteraram a atividade humana sobre a natureza — para melhor ou pior.
Decidi falar deste livro neste primeiro texto reflexivo porque um dos seus primeiros capítulos diz respeito à linguagem — “Um mundo feito de Linguagem” — pelo que, pude relacionar algumas das ideias que aqui são expostas por este autor com os temas das aulas de Cultura Visual.
McKenna, no início deste capítulo, começa por citar a antropóloga Misia Landau:
“A revolução linguística do século XX é o reconhecimento de que a linguagem não é apenas um instrumento para comunicar ideias sobre o mundo, mas sim, em primeiro lugar, uma ferramenta para fazer o mundo existir. A realidade não é simplesmente ‘experimentada’ ou ‘refletida’ na linguagem, ela é, de facto, produzida pela linguagem.”
Podemos, portanto, relacionar esta afirmação com as ideias pós estruturalistas em que o sujeito, é definido/construído pela linguagem, por ser chamado, por ser nomeado — pela ideologia.
Parece-me importante salientar e referir que, tal como o sujeito, a Natureza faz sentido em nós não só porque é sentida e vista mas porque é pensada, contada, verbalizada através da linguagem podendo ser transmitida aos que estão à nossa volta, fazendo-nos participantes desta construção ideológica, desta ideia de mundo, de realidade, de “eu”.
Esta ideia de que a linguagem produz a realidade, e segundo McKenna, vai de encontro aquilo que defende, acrescentando ainda que as respostas que nos são dadas pela ciência acerca do mundo onde viemos não nos dão luzes nem mecanismos suficientes para um conhecimento da realidade. Este defende que esse conhecimento é-nos revelado pela natureza que se conta a si própria, que se mostra aos nossos sentidos, e pela natureza contada — e aqui já nos referimos ao resultado de um processo de reflexão que termina em comunicação de uma ideia através da linguagem.
A linguagem é, portanto, aqui vista como ferramenta primordial para o reconhecido e consciência do “eu” e do mundo (da realidade). Toda essa consciência é fruto da linguagem.
Mas se esta não é mais do que a solução encontrada para a satisfação da uma necessidade humana — a necessidade de nos sentirmos parte do que nos rodeia e, principalmente de o perceber — não será um caminho de procura perfeitamente falível e sempre sujeita à evolução inerente à condição humana, e por isso vista como um caminho sem resposta no final?
Reflexão I
10218
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