“Attero” do Latim Desperdício, é o nome da 1. ª exposição do artista Bordalo II.
Artur Bordalo, nascido a 1987 em Lisboa. Neto do pintor Artur Real Bordalo,
assim assina Bordalo II; e também, à luz desta influência torna-se artista
plástico, depois de ter começado o curso de Pintura, na Faculdade de Belas
Artes de Lisboa.
Aquele armazém, situado num bairro Lisboeta do Beato, tinha servido de atelier
criativo e sítio de despejo do próprio Bordalo, enquanto não era reconstruído.
Então, a pedido do artista, adiaram o início das obras para depois da exposição.
Exposição esta, que foi um enorme êxito; nas duas primeiras semanas passaram,
em média 1000 pessoas por dia e todas as escolas, desde primárias e secundárias
quiseram marcar presença naquele Jardim Zoológico de detritos. Começamos por
observar as obras mais pequenas, onde chamam à atenção para problemas sociais e
ambientais, põe os ratos no papel de humanos para fazer pensar, quem é, a
verdadeira praga, porcos no papel da polícia como símbolo da corrupção do país
e raposas como mulheres para mostras a matreirice do ser humano.
Estas primeiras peças são completamente pintadas, à medida que avançamos na
exposição, as partes de lixo cobertas a tinta passam a metade, até às últimas
obras, apenas lixo soldado em lixo. Ao mesmo tempo que a tinta diminui, a
dimensão das peças aumenta, Bordalo II fez um rinoceronte em tamanho real. Além
das críticas por detrás deste projeto, o artista aplica-se arduamente na
fisionomia das espécies que retrata, recorre a imagens técnicas imensamente
detalhadas, as diferentes texturas é que fazem de cada peça, algo único ainda
mais incrível. O artista pega em quaisquer pedaços de lixo e corta-os,
amolga-os, solda-os e sobrepõe-nos criando montanhas de lixo que se tornam
bicho, nunca demorando mais do que uma semana por peça.
A exposição teve uma grande influência de visitantes europeus e chineses, passaram também alguns dos Estados Unidos e da Austrália. Visitantes estes, já conhecedores das obras do artista, pois, Bordalo II foi primeiramente reconhecido no estrangeiro do que em Portugal, tem apenas 20% do seu trabalho cá, e 88 peças espalhadas mundialmente. É na imundice de fábricas abandonadas, que agora servem aterros ilegais, que Bordalo II encontra as melhores peças para os seus trabalhos. Foi assim, a arrombar fábricas, que começou o seu projeto, isto é, aprendeu técnicas de arrombamento quando “grafittava”, mas a certa altura percebeu que esses grafittis que fazia mostravam o seu nome mas duma maneira egocêntrica, ainda fez algumas criticas sociais nos mais quotidianos lugares e objetos, mas nesta altura decidiu criar um maior impacto, então em 2012 quis arrancar de vez com um projeto. Nessas fábricas fez diversas obras que publicou na internet, e foi a partir daí que o seu nome se espalhou. Os seus animais corriam a internet com vontade de correr o mundo, em 2015, vários blogs de arte importantes, falaram do seu nome dando-lhe milhões de visualizações. Nesse ano deu um salto do tamanho do mundo, começou a ser convocado para os maiores festivais de artes urbana em todo o planeta; além das inúmeras encomendas, para fachadas, feitas também em escala mundial.
Além de dar vida ao lixo, o artista alerta-nos, para a maneira como andamos
a viver a nossa, lixo retratando animais, pois destruímos constantemente o
ambiente, esgotamos o planeta, tirando-lhe a ele e a nós vida. A sociedade privilegia
o dinheiro às pessoas e isso mata-as. O artista quer agitar consciências e o
lixo é o seu veículo.
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