“O Jogador” de Fiódor Dostoiévski, narra em primeira pessoa a
história de Alexis Ivanovitch na sua evolução enquanto jogador.
O autor, Fiódor Dostoiévski, é considerado um dos maiores
génios da literatura russa, e é também visto como o precursor do Realismo na
escrita. Durante o período de redação deste livro, toda a Europa sofria grandes
alterações internas, como o colapso de vários impérios, mas também o crescendo
de influências de múltiplos outros, de entre eles surgem por exemplo, os
impérios russo e alemão – as duas realidades descritas nesta narrativa.
A história decorre em Roletemburgo, na Alemanha na qual Alexis
Ivanovitch, um jovem de vinte e cinco anos, se revela como o protagonista do
livro. Vive a sua vida como precetor dos filhos do General Zargoryansky, e
apesar de estar constantemente entre a elite russa em Roletemburgo, revela uma
atitude crítica em relação a toda essa mesma sociedade, no entanto, as suas
frequentes censuras são feitas apenas com o objetivo de fazer frente à elite.
É o seu repreensor ponto de vista motiva o objetivo de vida –
ganhar dinheiro suficiente para que fazer com que todas essas pessoas de elite
se ajoelhem aos seus pés – e é atraído por essa miragem a iniciar a sua vida
enquanto jogador nos casinos de Roletemburgo.
A linha da narrativa passa, não por Alexis, mas sim pela do
General, que por sua vez controlava o curso da vida de todas as outras
personagens. O General contraíra uma dívida – devido ao jogo – que passa toda a
história a tentar resolver através da morte da sua avó. Mas acaba por não ter o
auxílio da sua familiar e envolve-se com um número de pessoas que o desviam
ainda mais de uma vida calma e digna. Acaba no fim por morrer, de forma
miserável, sem ver resolvida a sua dívida.
Numa nota mais pessoal, quando iniciei a leitura, julgando
pelo título do livro, esperava uma história sobre um jogador no auge do seu
vício, no entanto é nos apresentado um personagem que está ainda nos primórdios
do início da sua vida enquanto jogador. Acompanhamos, enquanto público, as suas
adversidades e as suas motivações, e por isso sentimos as suas vivências muito
próximas de nós, enquanto espetadores.
O tipo de escrita, altamente descritivo e direto, mais
ligado ao sentido pessoal e acompanha um estilo de narração homodiegética, e
talvez também por isso somos ainda mais puxados para o centro dos sentimentos e
ações de Alexis Ivanovitch, que enquanto descreve o seu dia a dia, parece que
descreve uma realidade que nos é quotidiana e familiar. É aí que se encontra a
riqueza do livro, na relação que o autor cria entre o leitor e Alexis, sem ela,
todas as situações de risco, nas quais o personagem arrisca tudo o quanto tem
no jogo, não teriam o impacto que sentimos ao ler essas passagens.
“Experimentava uma espécie de febre, e joguei todo aquele monte de dinheiro no vermelho – quando de chofre, recobrei a consciência! Foi a única vez, durante toda a noite, que o medo me gelou, manifestando-se por um tremor das mãos e dos pés. Senti com horror e tomei consciência instantaneamente do que significaria para mim, naquele instante, perder! Era toda a minha vida que estava em jogo!” – Alexis Ivanovitch
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