quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

"O Jogador" Fiódor Dostoiévski

“O Jogador” de Fiódor Dostoiévski, narra em primeira pessoa a história de Alexis Ivanovitch na sua evolução enquanto jogador.
O autor, Fiódor Dostoiévski, é considerado um dos maiores génios da literatura russa, e é também visto como o precursor do Realismo na escrita. Durante o período de redação deste livro, toda a Europa sofria grandes alterações internas, como o colapso de vários impérios, mas também o crescendo de influências de múltiplos outros, de entre eles surgem por exemplo, os impérios russo e alemão – as duas realidades descritas nesta narrativa.


A história decorre em Roletemburgo, na Alemanha na qual Alexis Ivanovitch, um jovem de vinte e cinco anos, se revela como o protagonista do livro. Vive a sua vida como precetor dos filhos do General Zargoryansky, e apesar de estar constantemente entre a elite russa em Roletemburgo, revela uma atitude crítica em relação a toda essa mesma sociedade, no entanto, as suas frequentes censuras são feitas apenas com o objetivo de fazer frente à elite.
É o seu repreensor ponto de vista motiva o objetivo de vida ­– ganhar dinheiro suficiente para que fazer com que todas essas pessoas de elite se ajoelhem aos seus pés – e é atraído por essa miragem a iniciar a sua vida enquanto jogador nos casinos de Roletemburgo.
A linha da narrativa passa, não por Alexis, mas sim pela do General, que por sua vez controlava o curso da vida de todas as outras personagens. O General contraíra uma dívida – devido ao jogo – que passa toda a história a tentar resolver através da morte da sua avó. Mas acaba por não ter o auxílio da sua familiar e envolve-se com um número de pessoas que o desviam ainda mais de uma vida calma e digna. Acaba no fim por morrer, de forma miserável, sem ver resolvida a sua dívida.
Numa nota mais pessoal, quando iniciei a leitura, julgando pelo título do livro, esperava uma história sobre um jogador no auge do seu vício, no entanto é nos apresentado um personagem que está ainda nos primórdios do início da sua vida enquanto jogador. Acompanhamos, enquanto público, as suas adversidades e as suas motivações, e por isso sentimos as suas vivências muito próximas de nós, enquanto espetadores.
O tipo de escrita, altamente descritivo e direto, mais ligado ao sentido pessoal e acompanha um estilo de narração homodiegética, e talvez também por isso somos ainda mais puxados para o centro dos sentimentos e ações de Alexis Ivanovitch, que enquanto descreve o seu dia a dia, parece que descreve uma realidade que nos é quotidiana e familiar. É aí que se encontra a riqueza do livro, na relação que o autor cria entre o leitor e Alexis, sem ela, todas as situações de risco, nas quais o personagem arrisca tudo o quanto tem no jogo, não teriam o impacto que sentimos ao ler essas passagens.

“Experimentava uma espécie de febre, e joguei todo aquele monte de dinheiro no vermelho – quando de chofre, recobrei a consciência! Foi a única vez, durante toda a noite, que o medo me gelou, manifestando-se por um tremor das mãos e dos pés. Senti com horror e tomei consciência instantaneamente do que significaria para mim, naquele instante, perder! Era toda a minha vida que estava em jogo!” – Alexis Ivanovitch


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