domingo, 17 de dezembro de 2017

Lugares


Às vezes questiono-me à cerca de lugares, não os lugares em si, mas o que é que os torna especiais, o que é que estes têm de tão particular ao ponto de se destacarem? Serão as pessoas que os coabitam ou os elementos constituintes dos mesmos?
De acordo com várias definições, um lugar pode ser um espaço ocupado, pode também ser um ponto (onde alguém se situa) ou até mesmo uma pequena povoação. Se repararmos, nenhuma das designações anteriormente referidas mencionam o espaço sem o interligar com um sujeito, isto porque um local só se torna verdadeiramente num local pelos vários indivíduos que o habitam e que, consequentemente, executam ações definitivas no mesmo. Quanto pensamos em cidades, automaticamente imaginamos um grande fluxo populacional como primeiro estímulo, muitas vezes ignorando a vertente histórica destas, como é o caso da arquitetura, das tradições e da gastronomia, claramente resultados da vivência de gerações anteriores às nossas, que de um certo ponto atribuem vida às cidades.
Retomando uma das questões iniciais: o que é torna um local especial, isto é, quando é que este deixa de ser um referente e passa a adquirir um significado para uma pessoa? Apesar de sermos nós, habitantes do mundo, os responsáveis pela atribuição de história a um espaço específico, os lugares que frequentamos atualmente, como é o caso da faculdade ou até mesmo de casa, só ganham significado de acordo com as relações que lá criamos. Se refletirmos sobre o que casa significa para nós, não num sentido literal em que é um sitio delimitado por quatro paredes e um telhado, mas sim no sentido figurativo como sendo um local onde crescemos intelectualmente e criamos relações e vivências com os nossos mais próximos, será que o espaço adquire o mesmo valor se a família e os amigos já não estiveram mais lá? Será que nos relacionamos com um lugar da mesma maneira que nos relacionávamos antes de perdermos alguém?
Não foi ao acaso que falei no exemplo de casa. Casa já não é casa, se já não tivermos lá alguém que perdemos, sendo possível afirmar desta maneira que um lugar pode ser, sobretudo, um espaço temporário.

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