sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A Moda "Vintage"

A Moda "Vintage"
«Moda», em sentido amplo, é a tendência de consumo e comportamento de uma dada época histórica. "A moda pode ser considerada o reflexo da evolução do comportamento. Uma espécie de retrato da comunidade. É uma linguagem não verbal com significado de diferenciação. Instiga novas formas de pensar e agir." (Daniela Eufrásio Cavallaro Morais. Moda e Arte no Século XX)
Apesar da origem do termo "Vintage" remeter-nos para o Vinho do Porto, produzido com as melhores colheitas, onde diversos factores ambientais e climáticos colaboram para que esse vinho tenha uma qualidade excepcional e depois envelhecido por longos períodos, muitas vezes superiores a vinte anos, este conceito acabou por se estender a outros produtos, principalmente àqueles relacionados com a moda e o design. São roupas, objectos, acessórios, etc., originais de uma determinada época, especificamente do século XX.
Actualmente, e numa tendência consumista, produzem-se mesmo produtos ditos "vintage", em estilo retro, cujo conceito se baseia na ideia de «novo velho», estilo cultural desactualizado, costume, hábito ou moda do passado pós-moderno global, tornando-se assim funcionalmente ou superficialmente a norma mais uma vez, traduzindo-se como um estilo "eterno" ou "clássico" .
Inclui-se nesta tendência a moda dos anos 50 do século passado, altura em que o fim da Segunda Guerra e a emergência dos Estados Unidos como líderes incontestados do mundo ocidental levaram a uma onda de optimismo sem precedentes. Passou a viver-se com a ideia de prosperidade e de profundas mudanças políticas que fariam mudar a "ordem estabelecida". O sonho americano de ter uma vida melhor surge, e com ele, o crescimento do consumo, da classe média e da indústria do entretenimento, muito atrelado ao boom adolescente, considerado uma revolução cultural na história. Durou pouco este sonho ...
Assim, e com o advento das modernas redes sociais, dos média, e do subsquente conceito de "Aldeia Global", vemos ressurgir numa tendência revivalista, suadosista, consumista e alianatória, hábitos, costumes e modas dessa época dos chamados "Anos Dourados" da civilização ocidental.
Levando em linha de conta que o difícil não é andar "à moda", mas sim "criar a moda", chegamos assim à ideia de que, pela utilização na actualidade de peças e utensílios de tempos passados, poderíamos, de certa forma, trazer para o presente, conceitos e hábitos de vida há muito ultrapassados, mas que , refletem uma filosofia de vida que, pelo menos para grupos restritos da sociedade moderna, se mostram apelativos, de interesse valorizar e consequentemente vivenciar. 
O "fetichismo" da mercadoria é uma expressão atribuída a Karl Marx, sendo um conceito central e crucial do sistema económico criado pelo filósofo e economista alemão,e indica que, graças a esse fenómeno psicológico e social, os produtos parecem ganhar vontade própria, e deixam de ser meros objectos passando a ser alvo de adoração pelo ser humano.
O "fetichismo" aqui mencionado, proveniente da palavra "feitiço", reflete isso mesmo, uma ideia de que um objecto em si próprio possui a qualidade mágica ou atributo específico de transportar para uma época passada, muitas vezes idealizada, as pessoas (ou consumidores) que o usem e utilizem no presente.
Referências:
Wikipédia;
Karl Marx (1818 - 1883) - O Capital, Crítica da Economia Política, vol. 1
Enciclopédia Larousse - Círculo de Leitores

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