No excerto “O Novo Citroen” retirado do livro “Mitologias” de Roland Barthes. O autor afirma que:
“ […] O automóvel é hoje o equivalente bastante exaro das grandes catedrais góticas: quer dizer, uma criação que faz a época, concebida com paixão por artistas […] ”
Criando um elo de ligação entre os automóveis e as catedrais góticas, que foram na sua época signo de magnificência e grandiosidade. Produzidas com intuito de ser “consumida” por um público-alvo que através dela se apropria segundo Barthes, “ […] de um objecto perfeitamente mágico […] “.
Barthes, dirige-se neste texto ao novo modela da Citroen DS (“déesse” – deusa na língua francesa”, afirmando que o mesmo caiu do céu e afirma que:
“First and foremost a new Nautilus.”
Por apresentar-se como um objecto superlativo. Pois, é um automóvel que através da sua marca exprime uma nacionalidade e por outro lado, é o resultado de um trabalho anónimo de todos os intervenientes que fizeram parte da sua produção industrial. Mas, este só fará sentido e valor no momento em que atingir o público-alvo e os seus “consumidores”, tal como acontecia no momento em que as catedrais góticas eram valorizadas culturalmente, porque do ponto de vista do espectador/público-alvo o criador nunca é realmente valorizado nem tomado em conhecimento, porque uma semelhança entre um automóvel e uma catedral gótica é que ambos são apreciados pelo seu exterior e muito raramente é tomado em conta quem o construiu.
E segundo Barthes, os automóveis são muitos mais que máquinas, são também criações culturais.
"Trata-se pois de uma arte humanizada, e pode bem ser que a "Déesse" represente uma metamorfose na mitologia automobilística."
Transformando assim o automóvel, num objecto mais espiritual e objectivo que antes era superlativo e fazia parte do bestiário do poder.
Referências
Barthes, Roland. O Novo Citroen. Mitologias. Lisboa.
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