A ideologia de
uma civilização pode criar uma torre que a separa do mundo real, como o
professor João Queiroz explicou acerca deste tema. Como uma civilização
derivada dos macacos e com restantes traços destas espécies, direi que as
nossas reações nesta torre civilizacional se assemelham em grande parte aos clãs
ou grupos de macacos numa árvore. A competitividade, a exclusão social, a
pobreza, o racismo e muitos outros problemas atuais parecem ter um espelho com os
comportamentos dos nossos primos na
selva. O surgimento de grupos tem as mesmas razões: a proteção mutua de todos
os desrespeitastes deste acordo. Tal como o Acordo
Social de Rousseau (1712 – 1778), a nossa sociedade protege-se da mesma
maneira e com os mesmos métodos sociais. Esta aproximação traz-nos uma visão de
como todo este acordo é tão frágil como um grupo de macacos enfurecidos nas
árvores. A instabilidade é a base de todo este sistema em que os líderes mudam
constantemente, em que o medo é substituído por uma ilusão de segurança e em
que a nossa inteligência e desenvolvimento superior enquanto espécie justifica
todos os perigos iminentes. Esta situação é em grande parte graças ao nosso
afastamento das nossas supostas fraquezas. Uma delas sendo a nossa origem na
Natureza. A Natureza é agora o sujo, o desconfortável, o pobre e até o
desconhecido para a nossa civilização. Esta rutura interior a nós como espécie
cria ilusões paradoxais que criam a confusão social que vivemos hoje. Tal como
os macacos, frente a uma espiral de violência e medo social a nossa reação é descoordenada
e de pânico. Assim descobri-mos ironicamente o nato selvagem, como dia Rousseau, dentro de nós e de uma maneira
trágica reencontramo-nos com a tal Natureza perdida.
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