domingo, 17 de dezembro de 2017

Civilização

A ideologia de uma civilização pode criar uma torre que a separa do mundo real, como o professor João Queiroz explicou acerca deste tema. Como uma civilização derivada dos macacos e com restantes traços destas espécies, direi que as nossas reações nesta torre civilizacional se assemelham em grande parte aos clãs ou grupos de macacos numa árvore. A competitividade, a exclusão social, a pobreza, o racismo e muitos outros problemas atuais parecem ter um espelho com os comportamentos dos nossos primos na selva. O surgimento de grupos tem as mesmas razões: a proteção mutua de todos os desrespeitastes deste acordo. Tal como o Acordo Social de Rousseau (1712 – 1778), a nossa sociedade protege-se da mesma maneira e com os mesmos métodos sociais. Esta aproximação traz-nos uma visão de como todo este acordo é tão frágil como um grupo de macacos enfurecidos nas árvores. A instabilidade é a base de todo este sistema em que os líderes mudam constantemente, em que o medo é substituído por uma ilusão de segurança e em que a nossa inteligência e desenvolvimento superior enquanto espécie justifica todos os perigos iminentes. Esta situação é em grande parte graças ao nosso afastamento das nossas supostas fraquezas. Uma delas sendo a nossa origem na Natureza. A Natureza é agora o sujo, o desconfortável, o pobre e até o desconhecido para a nossa civilização. Esta rutura interior a nós como espécie cria ilusões paradoxais que criam a confusão social que vivemos hoje. Tal como os macacos, frente a uma espiral de violência e medo social a nossa reação é descoordenada e de pânico. Assim descobri-mos ironicamente o nato selvagem, como dia Rousseau, dentro de nós e de uma maneira trágica reencontramo-nos com a tal Natureza perdida.

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