domingo, 17 de dezembro de 2017

Recensão: Turbulências

Turbulências
Obras da Coleção "la Caixa" de Arte Contemporânea
40 Obras | 18 Artistas | 11 Nacionalidades
Torreão Nascente da Cordoaria Nacional

A exposição Turbulências de artistas emergentes dos quatro cantos do globo veio a Lisboa. Suportada em todos os tipos de expressão plástica, esta apresentou diferentes narrativas sobre problemas atuais nas sociedades modernas e em desenvolvimento. Com uma maioria de artistas ibero-americanos, os assuntos discutidos nas obras de arte expões situações de pobreza, como a exposição de skates em massa frita (fig. 2) para demonstrar a pobreza das crianças nas ruas de Caracas, na Venezuela. Além destas, também expõe situações de conflito racial como a coleção de fotos de engenhos de guerra para expor que uma enciclopédia das armas mortíferas que atuam ainda hoje. A opressão das mulheres no médio oriente também foi exposta com a dupla projeção audiovisual de Shirin Neshat (fig. 3), que deu o nome à exposição. Esta contrasta um homem e uma mulher a cantar musicas arábicas e enquanto o homem se ri com outros homem, a mulher, sozinha, entra em pânico em gritos quase que de desespero. Esta exposição tenta assim ir buscar os artistas mais reconhecidos e, muitas vezes, vitimas destas catástrofes sociais.
A minha recensão desta exposição é mista. Por um lado, compreendo a exposição dada a estes novos artistas e como as suas obras sobressaem do comum por a sua conexão com a realidade que expõem. Mas por outro lado os problemas debatidos são em quase todos os casos universais e a técnica artística e os métodos utilizados não são sempre os mais apurados. As fotografias são quase de grau amador, as instalações são difíceis de compreender e de se relacionar e as obras mais completas sobressaem como diamantes no meio de meras pedras. Penso que a razão por detrás deste contraste está no formato de exposição dado a este conjunto de peças. O preconceito dos espetadores de irem a um acontecimento cultural sobre a forma de exposição cria uma antecipação duma apresentação de obras com um certo nível de coerência mínima para poderem criar um estimulo no visitante. Outra questão é o desconforto criado por esta exposição, que cai um pouco no Auto flagelamento do espetador por ser indiretamente culpado de estar a aproveitar-se das catástrofes sociais para sei desfruto cultural. Nas restantes obras diamantes, como achei a projeção Turbulent (fig. 3) e o vídeo iterativo Useless Wonder de Carlos Amorles (fig.4), penso que como obras já premiadas e com alguma maturidade (a primeira de 1998 e a segunda de 2006) criaram uma ideia mais transcendente ao problema exposto. Tanto a tensão entre sexos (Turbulent) como a corrupção da globalização (Useless Wonder) foram expostos através de uma composição artística completa e com algum tipo de beleza percecionada.
Na minha opinião esta exposição vale o tempo por estas obras mais completas, mas tem um grande carácter quase de experiência para testar os seus artistas em frente de um publico supostamente mais intelectual ou, ao menos, mais rico. Os temas debatidos são também de grande importância global e os assuntos são extrema atualidade mundial. No geral a exposição cumpre a sua função de turbulência artística para alertar o lado obscuro da nossa atual sociedade moderna.

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