domingo, 17 de dezembro de 2017

O Trabalho Alienado n'Os Tempos Modernos

N’O Trabalho Alienado, parte dos Manuscritos Económico Filosóficos, escrito em 1844, Marx apresenta diferentes variantes da alienação por parte dos trabalhadores. Esta alienação é perfeita e claramente ilustrada N’Os Tempos Modernos, de Charlie Chaplin, de 1936.




Marx trata da alienação do trabalhador face ao produto do seu trabalho, onde afirma “que o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, se lhe opõe [ao trabalhador] como ser estranho, como um poder independente do produtor”. No clássico de Chaplin, o Little Tramp, personagem principal, não trabalha para criar produtos seus, mas sim produtos que pertencem à organização capitalista. Tal é o afastamento da personagem daquilo que produz que, durante todo o filme, nunca conseguimos perceber o que está Little Tramp a produzir concretamente.

A alienação do trabalhador face ao próprio ato de trabalhar é também uma variante explorada por Marx. “Tal relação é a relação do trabalhador à própria atividade como a alguma coisa estranha que não lhe pertence […] como uma atividade dirigida contra ele, independente dele, que não lhe pertence.” Ilustrando isto temos Little Tramp, sem qualquer controlo sobre o processo de produção, trabalhando cada vez mais rápido e sem pensar, transformando-se gradualmente numa quase máquina humana. Esta despersonalização do trabalhador tem o seu clímax no filme quando o trabalhador se vê privado da simples ação humana de comer. Nesta cena icónica d’Os Tempos Modernos, Little Tramp é escolhido para testar uma máquina que alimenta os trabalhadores enquanto eles trabalham, poupando assim as pausas para almoço. Esta falta de tempo social ao almoço acresce ainda o isolamento e alienação do trabalhador o que toca noutro aspeto explorado por Marx que é a alienação do trabalhador em relação aos outros seus colegas trabalhadores.

A desumanização dos trabalhadores continua a crescer a afetar as suas vidas pessoais. As pessoas saem do trabalho e continuam a pensar no trabalho, para no dia seguinte chegarem ao trabalho e não pensarem nele. Na maior parte dos casos, o ato de trabalhar tornou-se num mero mecanismo de sustento e os trabalhadores meras máquinas iguais com funções diferentes.


Referências:
Marx, Karl (1993). O Trabalho Alienado (Ed.70., Manuscritos Económico Filosóficos). Lisboa.

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