N’O
Trabalho Alienado, parte dos Manuscritos
Económico Filosóficos, escrito em
1844, Marx apresenta diferentes variantes da alienação por parte dos
trabalhadores. Esta alienação é perfeita e claramente ilustrada N’Os Tempos
Modernos, de Charlie Chaplin, de 1936.
Marx trata
da alienação do trabalhador face ao produto do seu trabalho, onde afirma “que
o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, se lhe opõe [ao trabalhador]
como ser estranho, como um poder independente do produtor”. No
clássico de Chaplin, o Little Tramp, personagem principal, não trabalha para
criar produtos seus, mas sim produtos que pertencem à organização capitalista.
Tal é o afastamento da personagem daquilo que produz que, durante todo o filme,
nunca conseguimos perceber o que está Little Tramp a produzir concretamente.
A alienação
do trabalhador face ao próprio ato de trabalhar é também uma variante explorada
por Marx. “Tal relação é a relação do trabalhador à própria atividade
como a alguma coisa estranha que não lhe pertence […] como uma atividade
dirigida contra ele, independente dele, que não lhe pertence.” Ilustrando
isto temos Little Tramp, sem qualquer controlo sobre o processo de produção,
trabalhando cada vez mais rápido e sem pensar, transformando-se gradualmente
numa quase máquina humana. Esta despersonalização do trabalhador tem o seu
clímax no filme quando o trabalhador se vê privado da simples ação humana de
comer. Nesta cena icónica d’Os Tempos Modernos, Little Tramp é escolhido
para testar uma máquina que alimenta os trabalhadores enquanto eles trabalham,
poupando assim as pausas para almoço. Esta falta de tempo social ao almoço
acresce ainda o isolamento e alienação do trabalhador o que toca noutro aspeto
explorado por Marx que é a alienação do trabalhador em relação aos outros seus
colegas trabalhadores.
A
desumanização dos trabalhadores continua a crescer a afetar as suas vidas
pessoais. As pessoas saem do trabalho e continuam a pensar no trabalho, para no
dia seguinte chegarem ao trabalho e não pensarem nele. Na maior parte dos
casos, o ato de trabalhar tornou-se num mero mecanismo de sustento e os
trabalhadores meras máquinas iguais com funções diferentes.
Referências:
Marx, Karl (1993). O Trabalho Alienado (Ed.70.,
Manuscritos Económico Filosóficos). Lisboa.

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