terça-feira, 2 de janeiro de 2018

As Portas do Niilismo

            Todos têm ambições, ideias e princípios únicos, que surgem com a aprendizagem e a curiosidade que sentem em crianças ao deixarem-se imergir no mundo que as rodeia. Qualquer criança é suscetível a influências do mundo exterior, e estas coisas definem o desenvolvimento da personalidade e mentalidade do adulto em que se tornará. Se uma criança crescer rodeada de música e de arte, possuirá uma grande sensibilidade artística, tal como uma criança impulsionada a ler desde uma tenra idade, provavelmente ganhará um amor aos livros para o resto da vida. Se uma criança testemunhar comportamentos de natureza racista ou sexista, tenderá a reproduzi-los no futuro e, se uma criança presenciar ou for vítima de violência doméstica ou de outro tipo de abuso, ela própria terá mais tendência a tornar-se perpetrador desse tipo de agressividade. Se, durante o crescimento, uma criança for constantemente exposta a imagens fictícias que pretendem ilustrar uma realidade utópica, deixará de ter uma visão clara do que é verdadeiro, e tentará seguir ideais inalcançáveis.
            Desde muito jovens, as crianças da sociedade ocidental atual têm acesso fácil e regular a tecnologias, média, jogos e redes sociais, que lhes proporcionam uma visão por vezes distorcida da realidade dos nossos dias. A possibilidade de obter conhecimento rápido e simplista leva à abdicação da verdadeira sabedoria e despromove o uso das capacidades intelectuais do ser humano. Qualquer informação, requisitada ou não, se encontra do lado de lá de um ecrã, filtrada e organizada da melhor forma para nos captar a atenção. Este fenómeno é a causa de uma preguiça intelectual que ameaça a curiosidade do indivíduo, impedindo o desenvolvimento da nossa geração. Deste excesso de informação, nasce um niilismo no seio da nossa sociedade, uma apatia constante que elimina a necessidade de explorar e aprofundar o intelecto, deixando os jovens irrequietos e incapazes de rentabilizar o seu potencial. Com respostas tão rapidamente acessíveis, as perguntas perdem importância, e apesar das portas abertas pela internet, o uso destas tornou-se irrefletido e banal, deixando uma noção de vazio na mente das pessoas.
            A preservação da curiosidade que sentíamos como crianças é essencial para o avanço mundial através da inteligência adquirida. O processo de descobrimento não deve ser passivo, mas sim progressivo e ininterrupto. Devemos deixar que as respostas levem a novas perguntas, e não estagnar o conhecimento devido a um privilégio do qual já nem se tem plena consciência, uma ilusão quimérica causada pela propaganda inoculada no nosso dia-a-dia através da tecnologia. Tal como a internet dirigiu a juventude para uma realidade cheia de futilidades, tem o dever e o poder de redirecionar a população para um meio mais erudito de forma a não perder inteiramente a cultura rica que se tem transmitido através das gerações.

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