“One does not born, but rather becomes, a woman”
- Simone de Beauvoir
Brincar é essencial para o desenvolvimento pessoal, pela sua contribuição para a atividade física, cognitiva, social e emocional. É a partir dos brinquedos que as crianças desenvolvem uma capacidade de interação com o mundo que os rodeia, fazendo florescer ideias e capacidades de enfrentar eventuais dificuldades. Todavia, rapidamente esta fácil absorção de capacidades e ideias através dos brinquedos pode tornar-se não apenas positiva. Os valores que são incutidos numa pessoa fazem parte num processo moroso, começando o dever de “mulher" a ser interiorizado numa criança, desde tenra idade.
Roland Barthes em "Brinquedos", refere-se à visão dos adultos para as crianças como um igual a si. Os brinquedos tornam-se escassos, "carecentes", sendo apenas alguns aqueles que promovem a construção, e por consequência, formas mais dinâmicas . São miniaturas de adultos, reproduções reduzidas de objetos humanos, aproximando a criança do adulto na medida em que este parece ser apenas um humano em pequena escala. Numa maioria dos casos, os brinquedos franceses (ao que Barthes se refere), são abundantes em significado, construindo sempre modos de vida e técnicas da vida adulta. A criança jamais será o criador, não inventa o mundo em que brinca, apenas o utiliza.
“Assim, se pode preparar a menina para a casualidade doméstica, 'condicioná-la' ao seu futuro de mãe.”
- Brinquedos, Mitologias, Roland Barthes
Os papéis que associamos à mulher não lhes são dados à nascença, mas sim um papel construído socialmente. Com a afirmação acima referida, Beauvoir destrói o preconceito que afirma que as mulheres nascem “femininas” (de acordo com o que qualquer cultura e tempo define ser), mas ao invés são construídas para tal através da doutrina social. As mulheres são ensinadas a determinadas tarefas domésticas e a "obedecer" ao papel de mãe. Beauvoir estuda também o papel de mãe, mulher para mostrar como as mulheres, ao invés de transcender através da sua criatividade e trabalho, são por vezes forçadas a ser mães e destinadas a tarefas domésticas que poderá, para algumas mulheres, ser monótono.
Para concluir, os brinquedos, estejam eles na categoria de rapaz ou rapariga, poderão ser usados por qualquer criança, independentemente do seu sexo e, Beauvoir afirma por final, que cada indivíduo independentemente do sexo, classe ou idade, deverá ser encorajado a descobrir e a tomar uma responsabilidade que venha com liberdade.
Referências:
Barthes, Roland, Mythologies, 1957
de Beauvoir, Simone, The Second Sex, 1949
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