A globalização aumentou o número de trocas existentes entre os vários países, principalmente com o surgimento da internet, onde o contacto entre as pessoas se tornou mais fácil, independentemente da sua localização no planeta. O conhecimento das várias culturas existentes obtido através destas relações facilitadas continua, apesar de tudo, a ser minado por lógicas comparáveis à do chamado orientalismo. Persistem processos de diferenciação entre o “eu” e o “outro”, numa construção em que um confirma/justifica (ou mesmo define) o anterior. A noção de afastamento não se baseia tanto na distância real entre países mas sim nas distâncias (reais ou imaginadas) entre hábitos culturais. Se pensarmos na ideia que é criada e desenvolvida relativamente a pessoas islâmicas nos tempos de hoje, facilmente entendemos que este “orientalismo” ainda acontece, traduzido, entre outras coisas, em medo generalizado. Embora a internet tenha aproximado os diferentes “povos”, num novo lugar-de-ninguém, nem por isso desapareceu o racismo e a discriminação. Continuam a estereotipar-se pessoas com base na sua cultura ou naquilo que se imagina sobre dela. A categoria “nacionalidade”, e por vezes apenas o simples facto de ter um aspeto associado a uma certa nacionalidade, basta para que os estereótipos venham ao de cima. Claro que isto acontece com muitas outras “categorias” identitárias do ser humano, que resumem e separam os seres em grupos (mas suspendo por agora estas considerações).
Hoje ouvimos também falar de apropriação cultural, uma extensão do orientalismo — assimilar hábitos e elementos de outras culturas na sua. Se o seu uso pode representar uma certa admiração por “aquilo que não sou eu”, por outro lado desloca o significado inicial das coisas incorporadas, o que ainda assim podia não constituir um problema, se vivêssemos no mundo ideal. A questão é que, por vezes, as mesmas pessoas que absorvem certas características da cultura de outras pessoas, são aquelas que as discriminam exatamente por terem uma cultura diferente da sua — um retorcimento que deu origem ao título deste post. Parece que se respeitam mais os símbolos do que as próprias pessoas que os produzem.
Hoje ouvimos também falar de apropriação cultural, uma extensão do orientalismo — assimilar hábitos e elementos de outras culturas na sua. Se o seu uso pode representar uma certa admiração por “aquilo que não sou eu”, por outro lado desloca o significado inicial das coisas incorporadas, o que ainda assim podia não constituir um problema, se vivêssemos no mundo ideal. A questão é que, por vezes, as mesmas pessoas que absorvem certas características da cultura de outras pessoas, são aquelas que as discriminam exatamente por terem uma cultura diferente da sua — um retorcimento que deu origem ao título deste post. Parece que se respeitam mais os símbolos do que as próprias pessoas que os produzem.
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