No
mundo em que vivemos, em que a maior parte quer ser única e
destacar-se de todos os outros, e todos desejamos ter a nossa própria
mente, deveremos perguntar se conseguimos ser verdadeiramente únicos?
Será que tudo aquilo que pensamos ou fazemos não estará tudo
premeditado no nosso subconsciente? Não estaremos talvez a ditar o
nosso futuro com cada ação que fazemos? Cada piscar de olhos, cada
passo, talvez mesmo a própria respiração seja algo que provoca um
efeito borboleta na nossa vida...
Desde
o momento em que nascemos que nos tornamos em esponjas culturais,
absorvemos tudo aquilo que podemos e conseguimos, de forma a
compreender o que nos rodeia... essa absorção vai-nos moldando,
vai-nos tornando em quem somos, molda a nossa personalidade até ao
seu núcleo. E se essa absorção nos molda, não estará então
comprometido o livre arbítrio de que tanto nos orgulhamos de ter?
Não será a nossa próxima ação fruto de tudo o que já passamos
até agora?
Podemos
contra-argumentar que por vezes temos momentos em que tomamos
decisões
que
estamos certos de que ignoram tudo o que nos é antecessor, e que foi
uma açao espontânea, mas mesmo essa espontaneidade, provavelmente a
dada altura esteve a “fermentar” na nossa mente...
Especialmente
no campo das artes, sejam artes plásticas, musica, cinema, talvez
até culinária quem sabe?
podemos
dizer talvez que ninguém seja “genuinamente genuíno”, pois
sempre tivemos influencias a bombardear-nos por todos os lados, sejam
essas influencias outros artistas, acontecimentos que nos marcaram
(nossos ou não), ou até mesmo coisas que para nós possa ter
parecido algo passageiro ou sem importância mas sem darmos conta,
marcou-nos e moldou-nos...
Certamente
não é nada reconfortante a ideia de sermos um ser não totalmente
livre no que toca ao nosso psicológico, mas certamente, não podemos
dizer não se possam criar coisas únicas...
lá
porque tudo o que fazemos não é inteiramente produzido apenas por
ideias só nossas, não anula o valor daquilo de que somos capazes.
Diria
até que é apenas um sinal de evolução, onde pegamos em tudo
aquilo que fomos absorvendo, e somos capazes de o transpor para que o
que nos rodeia possa absorver quilo que somos também.
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