terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Falsa arbitrio

No mundo em que vivemos, em que a maior parte quer ser única e destacar-se de todos os outros, e todos desejamos ter a nossa própria mente, deveremos perguntar se conseguimos ser verdadeiramente únicos? Será que tudo aquilo que pensamos ou fazemos não estará tudo premeditado no nosso subconsciente? Não estaremos talvez a ditar o nosso futuro com cada ação que fazemos? Cada piscar de olhos, cada passo, talvez mesmo a própria respiração seja algo que provoca um efeito borboleta na nossa vida...

Desde o momento em que nascemos que nos tornamos em esponjas culturais, absorvemos tudo aquilo que podemos e conseguimos, de forma a compreender o que nos rodeia... essa absorção vai-nos moldando, vai-nos tornando em quem somos, molda a nossa personalidade até ao seu núcleo. E se essa absorção nos molda, não estará então comprometido o livre arbítrio de que tanto nos orgulhamos de ter? Não será a nossa próxima ação fruto de tudo o que já passamos até agora?
Podemos contra-argumentar que por vezes temos momentos em que tomamos decisões
que estamos certos de que ignoram tudo o que nos é antecessor, e que foi uma açao espontânea, mas mesmo essa espontaneidade, provavelmente a dada altura esteve a “fermentar” na nossa mente...

Especialmente no campo das artes, sejam artes plásticas, musica, cinema, talvez até culinária quem sabe?
podemos dizer talvez que ninguém seja “genuinamente genuíno”, pois sempre tivemos influencias a bombardear-nos por todos os lados, sejam essas influencias outros artistas, acontecimentos que nos marcaram (nossos ou não), ou até mesmo coisas que para nós possa ter parecido algo passageiro ou sem importância mas sem darmos conta, marcou-nos e moldou-nos...

Certamente não é nada reconfortante a ideia de sermos um ser não totalmente livre no que toca ao nosso psicológico, mas certamente, não podemos dizer não se possam criar coisas únicas...
lá porque tudo o que fazemos não é inteiramente produzido apenas por ideias só nossas, não anula o valor daquilo de que somos capazes.
Diria até que é apenas um sinal de evolução, onde pegamos em tudo aquilo que fomos absorvendo, e somos capazes de o transpor para que o que nos rodeia possa absorver quilo que somos também.

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