Na sua génese, o termo Ideologia refere-se a um conjunto de ideias, de pensamentos, de doutrinas ou de visões que caracterizam um indivíduo ou um grupo de indivíduos. A sua utilização mais frequente ocorre quando falamos de política, representando assim, e em específico, a abordagem politica individual ou coletiva. Para autores como Karl Marx, que utiliza o termo sob uma concepção crítica, ideologia é considerada um instrumento de domínio, atuando por meio de persuasão ou dissuasão, sem recorrer à força física, alienando a consciência humana. Esta consciência alienada é então uma falsa consciência, um conhecimento vazio e infundado da realidade. A ideologia, vista desta forma negativa, pode tornar-se tão dominante que ninguém se apercebe, assentando sobre conceitos tão partilhados entre todos (no caso de uma ‘ideologia coletiva’) que ninguém os questiona, tornam-se dogmáticos.
Os media, em específico, os meios pelos quais recebemos notícias da atualidade (jornais, revistas, redes sociais, televisão, telejornal, etc.) são englobados neste aspeto sedentário e ilusório da consciência e da vivência humanas, no sentido em que, gradualmente, fomos deixando de duvidar da veracidade das histórias que nos são transmitidas. Hoje em dia, sabemos que muitas dessas noticias são cortadas e processadas de modo a que possam gerar ambiguidades, colocando o expectador no limbo, podendo entender-se o escrito de várias formas diferentes, sendo que um desses entendimentos está sempre errado. Isto é, a interpretação mais comum alargada à população, naturalmente dependente de um contexto cultural, é geralmente equivocada, não obstante, derivada da ambiguidade dos artigos, poderia ser argumentado que o leitor compreendeu mal os aspetos transmitidos.
No seu ensaio “Codificação e Descodificação do Discurso Televisivo”, Stuart Hall refere que o sistema que molda a forma como estas noticas são contadas não é independente da cultura e civilização para a qual são transmitidas.
“However, though, the production structures of television originate the television message, they do not constitute a closed system. They are topics, treatments, agendas, events, personnel, images of the audience, ‘definitions of the situation’ from the wider socio-cultural and political systems of which they are only a differentiated part.”
Encontramo-nos então num ciclo vicioso, as noticias são incompletas e a parte passada para conhecimento público é a parte pelas qual a audiência de facto se interessa e em relação às qual reage. Onde está o problema? Os noticiários que reduzem as histórias a metade ou o público que indiretamente e sub-repticiamente permite que este sistema funcione impecavelmente?
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