O conceito de ideologia pode ser resumido,
segundo o Dicionário de Política de Bobbio, como um conjunto de ideias e de
valores que dizem respeito à ordem pública, tendo também como função orientar
os comportamentos políticos coletivos. Para Marx, a ideologia era o meio pelo qual as
ideias da classe dominante passavam a ser aceites na sociedade como naturais. A
ideologia mantinha a classe oprimida, ou o proletariado, num estado denominado
de falsa consciência. A noção que as pessoas têm de si mesmas, as relações que têm
com o resto da sociedade, é produzida pela sociedade em que nascemos, não pela
nossa natureza.
Com o desenvolver do séc. XX, foi-se tornando
cada vez mais claro que o capitalismo não iria ser derrubado. Por muito que a
maioria continuasse desfavorecida em prol do bem da minoria. Este sistema socioeconómico
parecia triunfar com base nesta falsa consciência. De modo a encontrar uma
explicação para tal, Althusser desenvolveu uma teoria da ideologia mais
sofisticada, em que esta se liberta da relação fechada de causa-efeito como
base económica e é aplicada como um conjunto de práticas ou regras, nas quais
todas as classes participam. Isto mostra que este conceito tem de vir de dentro
para fora e não de fora para dentro. São fabricadas ideias de como é que a sociedade
é regulada, mostrando esta como a única opção viável.
Marx acreditava que as classes oprimidas eventualmente
teriam de se aperceber desta falsa consciência que os guiava diariamente, e por
sua vez derrubarem a ordem económica que a produziu. Contudo, a teoria de
Althusser da ideologia como prática, não mostra sinais de fraqueza, pois o seu
poder reside no envolvimento dos oprimidos nas suas práticas, levando a que
estes construam as suas próprias identidades dentro deste espectro.
Concluindo, não existe uma maneira de escapar
à ideologia de Althusser pois, embora a nossa experiência física e social a
possa refutar, a única maneira que dispomos para dar sentido a essa experiência
tem sempre uma base ideológica. A única ideia que podemos ter de nós próprios e
dos nossos relacionamentos sociais é uma ideia que por sua vez é uma prática da
ideologia que nos domina.
Referencias:
John Fiske (1993) Introdução ao Estudo da
Comunicação
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