Talvez a primeira questão com que nos deparamos quando,
inconscientemente, nos materializamos para esse mundo é “vai ser rapaz ou
rapariga?” Uma pergunta obrigatória e aparentemente inofensiva que determina a
nossa existência. Uma pergunta fatal que, mais do que indicadora do sexo,
existe para determinar um conjunto fórmulas, pré-estabelecidas para a boa vivência
do feto na sociedade a que se vai integrar. Destas apresenta se a mais inevitável,
se vai vestir azul ou rosa. E daí o papel que terá futuramente. Ainda que esta ideia
hegemónica esteja presente nos dias de hoje não seria verdadeira antes do século XX, onde as crianças vestiam-se de branco independentemente do seu sexo,
curiosamente mais tarde algumas revistas americanas afirmavam que cor-de-rosa
seria mais indicado para o rapaz.
“There has
been a great diversity of opinion on the subject, but the generally accepted
rule is pink for the boy and blue for the girl. The reason is that pink being a
more decided and stronger color is more suitable for the boy, while blue, which
is more delicate and dainty, is prettier for the girl.”
-Ladies Home Journal, 1918
Na década
dos 30 o grupo nazi perseguiu homens e mulheres homossexuais, um número seletivo
de homens gays foram mandados para campos de concentração sendo caracterizados
por um triângulo cor-de-rosa no peito, ao fazer isso o grupo fez debilitar não só
a homossexualidade como também a cor rosa em si. Talvez por isso, (ou talvez
não) na década seguinte empresas dedicadas a marketing atribuíram
arbitrariamente o azul para rapazes e o cor-de-rosa para raparigas, feito com
um âmbito de separar o mercado e por isso lucrar mais. Arbitrário ou não, assim
ficou solidificada a associação de cores a géneros, e se nos anos 70 houve uma
tentativa de criar um mercado mais unissexo, foi abolido pela possibilidade de
prevenir o sexo do bebé com imagens ultrassom. Estamos, no entanto, a
aproximarmo-nos de uma outra fase iluminada dos anos 70 onde cada vez mais há
uma perceção de que cores, e mesmo a forma do tecido em si, brinquedos… não estão
associadas ao sexo e género da criança, aliás este medo de que a cor do bebé vai de alguma maneira condicionar o seu comportamento é lamentável, ignorante… Não acho que haja qualquer coisa inerentemente
má com a associação tradicional das cores, desde que esta não seja um impasse
na criação do individuo, porque “at the end of the day” são só cores…
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