quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Camilo Castelo Branco

As pessoas felicitam-se com infelizes. Não há decorrência de minhas melancolias em que eu não me pergunte até que ponto eu serei influenciado pela tanta glamourização e respeito entre os intelectuais pela desgraça e respectiva dor. É um requinte daquele que não quer ceder á vulgaridade de ser contente.
Os Que riem então são os mais odiados. O mundo lúcido não pode com a tremenda insolência do riso. Especialmente quando acomete do escárnio de um intelectual, assim parece uma apostrofe ao divino, quando não passa porém de um lamento com estilo.

Para que se tolerasse o Camilo, como escritor, recorreu-se a tudo o que a inteligente se pode servir. Só assim trilhou uma vida o primeiro verdadeiro romancista português, livre e fantasioso, deixando um trabalho  tão susceptível a imitação, mas que nela não se detecta senão a a recordação e homenagem ao que é por si já inimitável :o génio.
A sua inteligência colossal e devastadora, dificilmente se moveu candidamente por entre a estupidez da sociedade do momento.Destruiu-se ao segregar de si as obrigações que eram frutos dessa mesma estupidez. O mundo muito claro, a pátria podre, e a civilização um embuste, a cultura uma fraude, o intelectual um depravado. E  Riu-se. Eis o mundo camiliano. 
Riso como que um escudo para mascar o fragor do seu desencanto perante a vulgaridade dos homens- e foi um riso apreciado enquanto estreou. Quando se tornou em má consciência e censura  a sociedade não lho perdoou. Lamentável morte de revolver ás temporas.
Camilo lamenta igualmente mas lamenta previamente e pelo riso.
Talvez uma forma de lirismo despropositado, mas que afinado por outros se tornou muito pertinente, apesar de não estar no programa escolar. O mesmo diz que a felicidade apenas irrompe da esperança. Eu concordo. (Me parece que faz sentido que seja mais um dos seus risos). 
Mas o Belo de nunca se ter lido Camilo, é ter sua obra toda pela frente.- Permito-me gracejar à sua moda e maneira...

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