quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Être Modern

Recensão 

O que significa ser moderno? E o que significa ser contemporâneo? Em termos artísticos temos nomes incontornáveis por todo o mundo que tentam responder a esta pergunta, agregando obras de arte para tentar definir o termo - estes nomes não são de artistas, mas de museus. Quer se concorde com o dispor da arte nos museus, quer não, é impossível não admitir a sua importância. A agregação da arte naquele espaço confinado cria à volta destes locais um aura de culto, pessoalmente sempre pensei em museus e galerias como lugares ao mesmo tempo misteriosos e fantásticos. O que se deve dever provavelmente, em primeiro lugar, à história e ao contexto de cada obra - a relação com o autor, a forma como está disposta, como foi feita - e posteriormente, em especial em arte contemporânea, a eterna questão, o que torna “isto” arte. 

Recentemente tive a sorte de visitar Paris, com um objetivo bastante fixo em mente: visitar a exposição Être Modern, que está alojada no museu Fundação Louis Vuitton. Esta exposição começou a 11 de Outubro de 2017 e pode ser visitada até 5 de Março deste ano, e agrega um conjunto de obras cedido pelo museu nova-iorquino MOMA - Museum of Modern Art. Être Modern - Ser Moderno - tentou dar resposta à questão de abertura, fazendo uma reflexão sobre a história do próprio museu - tomando “ser moderno” como o seu mote iniciático - e algumas peças que o compõeem. Que peças têm as qualidades necessárias que respondem à pergunta e porquê? 

Numa exposição de tamanha magnitude torna-se impossível ver com atenção e refletir sobre cada uma das peças, em especial com peças desta Natureza, que pesam tanto na cultura atual. O ideal seriam várias visitas pacientes para conseguir absorver tudo com tempo e determinação, no meu caso, à falta desta possibilidade, sucedeu-se uma visita empenhada de quatro horas, que resultou num estafamento intelectual, mas que valeu a pena. A mostra desenrolava-se por quatro pisos e as peças estavam dispostas numa lógica algo arbitrária, parecia, se havia algum sentido de organização entre as obras, não era certamente cronológico. A mudança de andar também se tornava um pouco desafiante, a arquitectura de Frank Gery por muito interessante e diferente, não é propícia ao encontro de escadas rolantes. No entanto, dentro de cada sala, o encadeamento de percurso era bastante intuitivo, sem nunca ter que se fazer o mesmo caminho duas vezes para ver todas as obras. Através de meias paredes que funcionavam como separadores espaciais, era criado, para cada conjunto de obras, uma espécie de mini galeria que conseguia separa-se do restante espaço para que naquele momento só existissem aqueles objetos, para poderem ser apreciadas na sua plenitude. Este último aspeto mencionado é de valorizar, pois na competição por protagonismo de obras tão importantes, cada uma conseguia ter o seu espaço. Repare-se que falo de peças que estando expostas num museu convencional, cada uma delas poderia ser “cabeça de cartaz”, mas juntando todas no mesmo local, torna-se difícil saber a qual dar mais atenção. Fui obviamente atraída por aquelas cujos autores tinha estudado, como Jeff Wall, Jackson Pollock, Barbara Kruger, Andy Warhol, Man Ray, Marcel Duchamp, entre outros. É impressionante ver estes marcos da arte, da história e da cultura que estudados parecem tão distantes, mas que lá conseguiam estar a um metro de distância de nós. Considero tão interessante pensar que aquele artista esteve ali onde nós nos encontrávamos em relação à obra e a vivência que a própria peça teve.


Penso que neste tipo de exposição se torna mais válida a reflexão sobre a experiência total em si que o foco numa obra em específico que há de ser tão difícil de selecionar. A imersão neste género de museu torna-se algo surreal, um mundo genial à parte da realidade que temos lá fora. 

Mariana Baião Santos 10240

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