quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Gran Torino

“Gran Torino” tem como protagonista Clint Eastwood que interpreta Walt, um velho racista e reformado de Detroit, e que mantém sempre a sua espingarda pronta para usar, é um homem cheio de energia da qual maioria usa para se conter. Cada palavra, parece-me ter vindo de um lugar profundo.
Walt Kowalski chama aos seus vizinhos asiáticos do lado de "gooks" e "chinks" e tantos outros nomes. Quando ele conhece Thao, o adolescente Hmong que mora ao lado, ele leva-o ao seu barbeiro para lhe dar uma lição sobre como os americanos falam. Ele e o barbeiro chamam um ao outro de “Polack” e “dago” e assim por diante, na esperança que Thao entrasse nesse espírito. Pessoalmente achei esta cena longe de ser realista e perguntei-me o que Walt estava a tentar realmente a ensinar a Thao. Então ocorreu-me que o próprio Walt não sabia que não era um situação realista.
Walt é muito protetor do seu próprio território sentando-se no seu alpendre defendendo a ideia de que a o direito de andar pelo mundo acaba no momento em que se entra no seu quintal (“Get of my lawn”). Walt permanece no seu alpendre durante todo o dia, quando não está a reparar o seu premiado Gran Torino de 1972, um carro que ele ajudou a montar na linha de montagem da Ford.
A dada altura ele observa um grupo de gangsters Hmongs a tentar influenciar Thao e acabando por o pressionar a roubar o Gran Torino. Walt apanha-o a tentar roubar o carro e então a sua irmã Sue vem lhe pedir desculpas pelo irmão em nome da família e oferece-lhe os serviços do irmão em tarefas como compensação por ele lhe ter tentado roubar o carro que ele relutantemente acaba por aceitar. Quando Sue é ameaçada por alguns gangsters negros ele intromete-se para a defender porque esta na sua natureza ser protetor.
Devido a estes acontecimentos e pela ligação que ele ganha com Thao ao longo do tempo que ele está ao serviço de Walt ele acaba por ganhar uma ligação muito forte a esta família embora Sue tenha que explicar que os Hmong são pessoas da montanha de Laos e que eram aliados dos Estados Unidos e que acharam conveniente deixar sua terra natal.
Quando ela o convence a se juntar-se a uma reunião familiar, Walt inconscientemente chama-os de "gooks" e "dragon lady" a Sue, e eles parecem não se incomodar com isso, embora muitos deles não falarem inglês. Walt parece desconhecer que seu papel é aceitar a sua hospitalidade, embora gostar de quando o enchem de comida tradicional Hmong.
Walt não pede desculpas por quem ele realmente é e pela sua personalidade, por isso, quando ele decide que gosta mais dos vizinhos que a sua própria família, pessoalmente acho que é significante e que um momento de grande desenvolvimento por parte do personagem.

Eu acho que "Gran Torino" é principalmente a cerca de duas coisas. É sobre a maturação tardia da melhor natureza e caráter de um homem. E é sobre os americanos de diferentes raças crescendo mais abertos uns aos outros no novo século. Isso não envolve nenhum tipo de grande transformação. Implica apenas começar a ver os tais "gooks" como pessoas que podes amar.

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