terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Imagem e Cultura Visual


Somos, diariamente, confrontados com imagens que surgem dos vários meios de comunicação: televisão, revistas, jornais, outdoors, etc. E, por sentirmos uma necessidade inata de compreender tudo o que nos rodeia, tentamos analisá-las de imediato. Por isto, a cultura visual é importante, já que tem como objectivo dar-nos a entender estas imagens, como se de costumes visuais se tratassem.

Por ser algo com que somos confrontados constantemente, a imagem torna-se um conteúdo efémero, isto provoca a perda do sentido estético e do deslumbramento perante este. A quantidade de informação que recebemos é superior àquela que conseguimos analisar de forma cuidada e, consequentemente, o resultado é apenas uma análise superficial, sem qualquer entendimento e compreensão a fundo, um deslumbramento momentâneo que é facilmente esquecido, afetando a nossa apreensão da realidade. Por esta razão, nem sempre podemos recorrer às nossas memórias e conhecimentos do que nos rodeia, porque pode existir uma falsa interpretação da imagem. Começamos a por em causa as nossas próprias percepções da realidade.

Não existe nada mais envolvente do que a componente visual. A imagem tem um papel preponderante nas nossas vidas. Apesar de não captar as emoções tão bem quanto as palavras, é certo que o fazem mais rapidamente, daí a sua importância na publicidade. É mais fácil memorizar uma imagem do que um texto narrativo, logo, a sua interpretação é mais rápida. A imagem é simultaneamente uma representação do mundo real e irreal, podendo transmitir emoções diferentes para cada observador. É como um ponto de partida, ou seja, informação num estado bruto. O observador é por ela instruído e faz-se projectar na mesma. Possui a visão (a base da imagem), a memória e a emoção. Por outro lado, o contexto influencia a forma, a informação em bruto para a qual não existe um só significado. Só quando é observada e analisada, é que se produz um significado para a imagem, dependendo de quem a observa, do momento, e do contexto em que está inserido. 


É possível utilizar o contexto como forma de surpreender e chocar o observador. São os processos de descontextualização que deslocam o sentido, de um domínio para outro, brincando com o nosso saber e ideias previamente adquiridas. Só assim é possível contrariar as expectativas do observador. Um exemplo representativo desta estratégia é o famoso Urinol de Marcel Duchamp. O artista deslocou o objecto do seu contexto quotidiano que era esperado para uma galeria, depois chamando-lho de arte. Conseguiu chocar o público porque fez algo que não era esperado pelo observador. 

É impossível que a mensagem que se pretende passar seja completamente igual quando é transmitida em diferentes media e através de diferentes imagens. Chegando a diferentes povos e culturas, a imagem observada terá diversas interpretações e significados, dependendo do observador que a interpreta. É desta forma que também o contexto funciona também como condicionante de significado. Isto acontece com a cor.
 


A cor tem sobre o observador um efeito psicofisiológico. Desde que nascemos, experienciamos e assimilamos cores através da visão, associando às mesmas determinados sentimentos, emoções, ações, entre outros. Cada cor pode produzir efeitos distintos e até contraditórios. A mesma cor pode ser sentida de maneira diferente, dependo do contexto em que a mesma está inserida e de quem a observa. O vermelho, por exemplo, é uma cor associada à paixão e ao amor. No entanto, esta também pode ser associada à agressividade e à raiva. O branco por sua vez, na cultura ocidental representa a paz e a pureza, no entanto, no Oriente e na Ásia está associado à morte, ao luto e à má sorte. Não existe um código geral absoluto em relação às cores, são apenas tidas em conta algumas definições que podem ser básicas para a interpretação das mesmas, e que podem diferir que cultura para cultura.
 


A imagem é uma forma de comunicação universal com um poder impactante e apesar de hoje já estar completamente banalizada pelos meios de comunicação continua a ter grande influência na forma como vemos e pensamos o mundo e a nossa realidade. 


Referências:
Joly, Martine. 2007. Introdução à Analise da Imagem. Edições 70

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