terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Será a cultura um meio para justificar decisões?

O ser humano vive e sempre viveu numa sociedade em que a supremacia de alguns domina os restantes. Vivemos num Mundo em que somos conformados a viver perante uma hegemonia, um lugar em que aceitamos ser tratados e viver perante regras e ideias idealizadas por grupos “superiores” que, geralmente e apesar de não nos apercebermos, são a minoria.
É por esta razão que, durante a história do nosso “universo”, temos notícias de vários “passos positivos”, diversos acontecimentos que só ajudaram a humanidade a crescer, a ascender e a evoluir. Infelizmente, muitos desses “passos” são relativos ao racismo, ao decréscimo deste ódio, mostrando que vivemos numa sociedade em que a "extinção" da raiva ou descriminação a grande nível, são objetivos ainda não conseguidos. E estes passos positivos apenas são dados devido a manifestações, a atos de coragem ou a resultado de sustos terríveis. 
Apesar dos vários avanços a este nível como o direito ao voto de ambos mulher ou pretos, a possibilidade de pessoas do mesmo sexo se casarem, a proibição de escravatura tanto sénior como infantil, e muitos mais…ainda vivemos num Mundo em que o olhar de várias pessoas é construído a partir de ideias que demonstram que deveríamos viver num Mundo onde a desigualdade é algo obrigatório ou natural.

(…)uma teoria da ideologia concebe igualmente o fracasso de parte da tentativa de toda ideologia em controlar, homogeneizar, impor seus monoteísmos morais, sociais ou políticos à existência individual ou coletiva. Os indivíduos, embora sob o domínio do discurso ideológico em todas as culturas e sociedades, e em todas as épocas históricas, a esse domínio resistem, reinterpretam a realidade, ressignificam códigos, práticas, tornam-se pontos de resistência às formas da dominação e da sujeição que a ideologia visa universalizar e naturalizar, resistência, pois, à própria ideologia enquanto discurso.”
Ideologia e transgressão — Alípio de Sousa Filho


Estas ideias impreterivelmente (ou não) impostas nas pessoas de um Mundo em que a igualdade é algo que não está certa é algo que a sociedade nos impõe. Vivemos ainda muito agarrados ao passado, ainda justificamos muitos atos e decisões com base na “cultura”, achamos que por bem dos nossos antepassados certas escolhas, mesmo estas estando erradas, têm de ser feitas. 

O que se encontra e acontece onde vivemos tem, geralmente, muito impacto na maneira como pensamos, principalmente dentro do nosso lar. Se os meus pais acreditarem num Deus, e me educarem de tal maneira, é certo que terei essa crença em consideração e não muitas outras que se calhar me poderiam fazer mais sentido, porque o que nos ensinam e o que nos dizem estar certo ou errado basta para cada um. Habituamo-nos a viver uma vida levada por ensinamentos das pessoas à nossa volta, e não damos muita importância ao aprender ou aprofundar por nós próprios. 


E para acrescentar a esta vulgar falta de pensamento “pela própria cabeça”, a nossa cultura tem um grande peso nas nossas decisões diárias. Não só por estarmos habituados, mas também porque temos medo de grandes mudanças, o ser humano, por norma, não contradiz a sua cultura, a não ser que algo esteja decerto errado hoje-em-dia (outra vez, dando o exemplo da escravatura). A nossa cultura é algo que pesa bastante nas decisões e evolução do nosso Mundo, e apesar desta ter ajudado a construir uma sociedade bem como as suas ideologias seguidas atualmente, esta também é algo que, tal como a humanidade, tem de evoluir e se o contrario se suceder, só dará mais espaço que o atraso da evolução da humanidade decorra.

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