domingo, 7 de janeiro de 2018

“Quem Tem medo de Virginia Woolf - Recensão

Uma discussão trágica entre Martha e George, um casal de meia idade, que durante o serão nos tira o sono e as palavras da boca, através de um texto duro e violento de Edward Albee.


Após ter assistido, pesquisado e ter criado um opinião fundamenta sobre o espectáculo extraordinário que vi no centro de artes e espetáculos da Figueira da Foz, venho partilhar a minha opinião e possivelmente melhora-la. 
Para quem conhece o mundo do teatro como eu, é fácil entender que o texto de “Quem tem medo de Virginia Woolf” é um texto que muitos actores em certa altura da sua vida anseiam interpretar. Desta vez calhou a Diogo Infante e a Alexandra Lencastre partilhar o palco e interpretar o casal, George e Martha. 
E Martha é filha do reitor da Universidade em New Carthage e George, o professor responsável pelo departamento de Historia da mesma universidade. O confronto entre estes dois começa assim que chegam a casa de pois de uma festa. Apresentam-se como marido e mulher, numa relação à primeira vista normal. Martha conta a George que convidou um casal jovem para se juntar a eles após um serão animado em sua casa. Logo depois inicia-se, a meu ver, a mais espantosa discussão alguma vez escrita e encenada. É o inicio de um confronto entre a imaginação, verdade, traição, provocação e loucura ao mesmo tempo em que o álcool vai ajudando à festa.

Achei uma peça extraordinariamente bem ensaiada e curiografada (algo que ja esperava da direção de Diogo Infante) onde os “jogos” psicológicos criados por George vão obrigado os convidados a fazer aquilo que ele quer. As revelações do passado vão se encaixado como um puzel. No entanto é de notar que acho que George tem um bom coração e não faz isso por maldade mas sim porque a mulher, egocêntrica e mimada pelo “papá” já o tinha humilhado e magoado inúmeras vezes naquela noite. Grande parte, diria eu, devido a uma quantidade que álcool elevada que ingeriu e continuou a ingerir durante a noite. 
No final, entendi que os dois têm um vida falhada, tanto a nível profissional como pessoal, não existem famílias prefeitas, no entanto quando observava os dois sozinhos em cena consegui ver o amor e carinho que tinham um pelo outro, mas com a percença dos convidados esse amor desaparecia, pareciam estranhamente repulsos pela presença de ambos. 
No fundo entendi que esta peça é um critica à sociedade oprimida e a uma sociedade que vive de aparências. Edward Albee utiliza este casal que se ama mas que ao mesmo tempo se mutila  mutuamente para escapar a uma realidade que é a sua, mas que não quer que seja. 

Diogo Infante é claramente o rei do palco e lidera toda a acção, creio que Martha também teria esse papel ao lado de George mas a Alexandra Lencastre foi ofuscada pela brilhante e prefeita actuação do protagonista. Não desfazendo a actriz, acho que o casting foi muito bem feito, sempre olhei para a Alexandra como uma melodramática e muito divertida, quando bebe uns copos a mais ou não, e Martha é assim mesmo, nesse aspeto foi ótimo. Lia Carvalho, que interpreta a jovem convidada para passar o serão em casa dos protagonistas, teve uma interpretação fantástica da “fuinha”, na minha prestativa surpreendente mas ao mesmo temo expectável desta multifacetada actriz. Esta mulher “sem ancas” deu à luz muitos momentos pesados e imprescindíveis para o publico dar uma quantas gargalhadas. Quanto ao seu marido, interpretado por José Pimentão, acho que não tenho nada apresentar, cumpriu o seu papel, nada de destacar, mas digamos que a personagem também não lhe pedia para tal.

Ainda gostava de destacar outros momentos da peça que para mim foram importantes. A técnica e os efeitos visuais foram importantíssimos para o decorrer da peça. Quero destacar o seguinte, como ja tinha mencionado a ação é passada durante a noite depois de uma festa, e se não me engano os protagonista chegam a casa as 3 da manhã. É nessa altura que Martha dá a noticia das visitas. Se olharmos pela janela podemos ver uma noite escura quase preto la fora e ao longo da discussão o sol vai se elevando e quando o segredo da peça é desvendado é manha, os raios de sol batem suavemente contra a janela, e os convidados vão para as sua casa. A meu ver foi um pormenor extraordinário. Falando do que me rodeou, a verdade é que estive pouco atenta ao publico para saber se os meus companheiros de sala estava tão atentos como eu, não tirei os olhos do palco, mas é de destacar que quando o espetáculo acabou estava tudo de boca aberta e sem folgo. Não se ouviu nada até o silencio ter sido interrompido pelo primeiro bater de palmas. Foi também um dos mais longos aplausos que ja ouvi e pude exprienciar. 


Foi um privilegio poder ver estes actores em cena numa peça tão controversa que alertou a minha mente. Estou dentro do meio do teatro dai ter escolhido escrever um recensão sobre uma peça. Longe de mim querer comparar o meu conhecimento artístico ao de actores tão ilustres e talentosos mas acho que o meu comentário foi bem feito porque sei ligeiramente do que estou a falar. Já conhecia o texto de Edward Aldee mas nunca tinha tido a oportunidade de o ver em cena nem nunca tinha tido idade para o apreciar como consegui desta vez. Fui fazer a minha pesquisa para saber um pouco mais sobre Virginia Woolf, para tentar perceber o seu relacionemos com a historia o e porquê da brincadeira entre os protagonistas que de vez em quando cantavam: “Quem tem medo de Virginia Woolf?”  Mas pouco ou nada entendi sobre isso, calculei que fosse uma brincadeira privada do autor e partilhada exclusivamente com quem ele quisesse.

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