Tétis é o terceiro satélite de Saturno, há muito morto e abandonado.
O seu nome de código é Saturno 3. Satélite de amónia solidificada, que tem dois únicos habitantes: o major Adam, um terrestre auto-exilado, e Alex, uma mulher nascida no espaço.
Este dois personagens trabalham juntos nesta estação de pesquisa.
Tudo corria bem para estes dois amantes até serem perturbados por James , um comandante que iria dirigir uma experiência com Heitor, um robot concebido para ter consciência.
Depois de ler este livro apercebi-me que o que mais me impressionou não foram as cenas de perseguição e de terror, mas sim a critica muito subliminar que esta historia carrega em relação á humanidade.
Adam como viveu na Terra antes de se ter voluntariado para explorar Saturno 3 tem uma opinião muito vincada de como são as pessoas na Terra, ao contrario de Alex que nasceu já no espaço, e sendo um “ bebé do espaço” o seu sonho e visitar a Terra.
A descrição que Adam faz da humanidade é uma descrição muito negativa, as pessoas deixaram de “ter” sentimentos , passaram a agir em prol dos avanços científicos , tornaram se numa maquina , e foram exactamente por estas razões que Adam decidiu exilar-se, pois ele nunca se sentira capaz de ser assim.
No entanto esta realidade não se vê em Saturno 3, era como se esta descrição não fosse a realidade. Ate James chegar.
James enquanto personagem veio mostrar esta realidade, sendo uma personagem que causa algum desconforto por agir de uma maneira tão “seca” e mecânica. Nota-se rapidamente que algo de errado se passa com esta personagem.
Heitor quando é montado , para aprender o que é ter uma consciência é ligado á consciência de James, e uma vez ligados Heitor começa a absorver toda a informação que está na consciência do humano.
E deduzindo que James já se comportava como uma maquina o efeito da sua consciência em Heitor provoca um comportamento completamente diferente.
Heitor torna-se violento e doentio.
Estas eram as verdadeiras cores de James, que vieram a tona em Heitor, estas características foram resultado de tanta opressão emocional, e apesar se terem visto primeiro em Heitor, James acaba também por as demonstrar quando força Alex a ter relações sexuais com ele sem que esta tenha consentido.
Na minha opinião, considero James culpado pela sua maneira de agir até um certo ponto, porque realmente esta personagem não tinha bondade, mas o facto de não ter bondade derivou da sociedade em que ele viveu , que á medida que ele crescia o ensinou que eu seus desejos egoístas eram justificáveis. Esta personagem cresceu num ambiente onde nunca houve necessidade de criar barreiras entre o que é moral e o que é imoral, pois era tudo justificado pela “pesquisa”.
Claro que este livro trata-se de uma livro de ficção cientifica/ terror, no entanto a mim fascinou-me este retrato da humanidade.
Penso muitas vezes até que ponto nós ,enquanto sociedade, não caminhamos para esta maneira de ser?
Cada vez mais nos fechamos em nos próprios e reprimimos as nossas emoções, e eu acho que isso ja criou barreiras suficientes na nossa sociedade, criou egoísmos, que na realidade não são justificáveis.
E de facto, o que me surpreendeu depois de ter lido este livro foi que eu, que ao inicio não concordava com Adam, e que achava que esta personagem tinha preferido exilo a uma vida em sociedade por não saber lidar com as pessoas da sua época, acabei no final por concordar com ele, porque se toda a gente se comportasse como James eu também teria preferido o exilo.

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