The
Help é um filme americano escrito e realizado por Tate Taylor em 2011. É uma adaptação do
romance de Kathryn Stockett com o mesmo nome, publicado em 2009. O enredo
centra-se na história de uma jovem aspirante a jornalista, Eugenia
"Skeeter" Phelan, e na sua relação com duas empregadas negras:
Aibileen Clark e Minny Jackson. A história passa-se em Jackson, Mississippi,
durante o movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. A fim de
se legimitar como escritora e jornalista, Skeeter edita um livro com os pontos
de vista e histórias das empregadas negras de Jackson. Para além do óbvio
racismo abordado diretamente nesta obra, temas como o sexismo, as classes
sociais e a educação também são abordados.
RACISMO
A narrativa explora os falsos estereótipos sobre os negros - que eram pouco trabalhadores, sujos, pouco inteligentes, tinham doenças próprias da raça e tinham menos valor que os brancos. Acima de tudo, são estas ideias que passam de geração em geração.
No filme surgem algumas menções visuais às leis de Jim Crow vigoraram entre 1876 e 1965 e que visavam uma institucionalização da segregação racial. O contacto entre negras e brancas não podia existir, pelo que as negras podiam sofrer as consequências. Para que Skeeter pudesse recolher os relatos das negras em casa de Aibileen, tinha de arranjar várias estratégias para poder entrar em casa dela sem ser vista. Ao início, as empregadas tinham muito medo deste livro e de serem descobertas pelas famílias brancas, que podiam depois denunciá-las.
O desafio da escrita do livro que vai expor as crueldades das famílias brancas, em especial das mulheres, mostra o perigo que era desafiar os estereótipos de então, especialmente quando havia alguma tentativa de dissolver as linhas que separavam as raças.
SEXISMO
The Help mostra as normas no que toca ao género no início dos anos 60 naquela cidade do Mississipi. As mulheres brancas são valorizadas pelo seu casamento e pela capacidade de ter filhos, que são depois colocados ao cuidado das mulheres negras.
Skeeter é uma estranha no seu grupo de amigas: acabou o curso de jornalismo e quer sair do Mississippi para ir trabalhar como jornalista ou como escritora em Nova Iorque. A juntar a toda esta busca por conhecimento não muito comum, não faz intenções de casar, o que causa mau ambiente entre ela e a sua mãe.
Os homens raramente estão em casa, ocupados em viagens ou a trabalhar enquanto que a esposa fica em casa com a empregada ou a organizar festas com as outras amigas casadas da cidade.
CLASSES SOCIAIS
Todas as famílias brancas de Jackson, Mississippi tinham uma
empregada que era muito mais que uma simples empregada. Para além de cozinharem
e limparem a casa, eram elas que criavam e educavam os filhos daquelas
famílias. As mulheres brancas sentem repulsa das negras, nunca tendo contacto
físico com elas (que até chega ao ponto de fazerem questão de que as criadas
tenham uma casa de banho separada, normalmente na rua).
Perante toda a ajuda das empregadas negras naqueles lares, nunca
recebem um agradecimento, apenas recebendo amor das inocentes crianças que
cuidam.
Contudo, algumas famílias brancas mostravam algum carinho pelas suas
empregadas, mas quando estes sentimentos se punham como entrave perante o seu
estatuto social, rapidamente traíam as mulheres que as serviram durante anos e
que educaram os seus filhos.
EDUCAÇÃO
Eram as empregadas que educavam as crianças brancas, e na maior
parte dos casos tinham de deixar a escola muito cedo para ir trabalhar para
estas famílias. Por várias vezes ao longo do filme, são as criadas que mostram
mais conhecimento de muitos aspetos que fazem parte da sua vida: cozinha,
limpeza, cuidar de crianças, e até medicamentos e remédios. As mulheres
brancas, que apenas se centravam em encontros banais com as amigas, nada sabiam
da lida da casa e muito menos de cuidar dos seus próprios filhos.
No que toca à educação das mulheres brancas, ir para a faculdade era
mais uma oportunidade para arranjar um bom marido do que procurar propriamente
uma boa educação. Skeeter até é considerada um fracasso na faculdade porque não
encontrou marido, enquanto que as suas amigas desistiram da educação assim que
encontraram o seu "príncipe".
Visualmente, o filme consegue colocar-nos naquela realidade e na
cidade de Jackson, Mississippi. A caraterização das casas e personagens está
muito bem conseguida, sendo uma obra de época que remete facilmente para
aqueles problemas e acontecimentos ligados à segregação racial nos anos 60 nos
Estados Unidos.
Com a narrativa de The Help, o espetador consegue
compreender temas claros como a ideologia e principalmente a hegemonia. Esta
adesão a uma ideia de uma forma tão forte, que passa de geração em geração,
consegue agregar todos os temas-chave desenvolvidos pelo filme. A hegemonia
está associada a um poder de uma classe social superior e é esta classe
superior que é fortemente caraterizada neste filme de forma a ser criticada.
Os temas desenvolvidos em The Help são bem caraterizados e
conseguem fazer chegar uma mensagem ao espetador, que provavelmente não tem a
noção de como seria esta realidade. A adaptação da obra de Kathryn Stockett
aliada à realização e caraterização visual do filme fazem The Help uma ótima
obra de época da atualidade.
Referências bibliográficas:
LAWLER, Peter. Race, Class, and Gender in THE HELP (the film). Big Think. Available from: http://bigthink.com/rightly-understood/race-class-and-gender-in-the-help-the-film
RASKOFF, Sally (2012). Gender, Power, The Real Housewives and The Help. Everyday Sociology. Available from: http://www.everydaysociologyblog.com/2012/01/gender-power-the-real-housewives-and-the-help.html


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