terça-feira, 2 de janeiro de 2018

TRABALHO, UM MEIO DA EXISTÊNCIA FÍSICA

“O trabalho alienado inverte a relação, uma vez que o homem, enquanto ser consciente, transforma a sua atividade vital, o seu ser, em simples meio da sua existência”
Karl Marx (1993), O Trabalho Alienado

Com a crescente imersão num mundo material, dos objetos e das coisas, o ser humano tem vindo a ser desvalorizado, perdendo-se numa alienação do sujeito. O ser humano é multifacetado e está integrado numa comunidade e numa sociedade de interdependência, acomodações e influencias, onde se torna difícil a unicidade e interiorização do sujeito como indivíduo autónomo e singular.
Tal como Karl Marx defende, o ser humano sente-se desvalorizado e preso no que toca ao ‘trabalho’ exceptuando as atividades de natureza animal. Sendo assim Marx considera que a alienação do ser humano para com o trabalho  se divide em “A relação do trabalhador ao produto do trabalho como um objeto estranho que o domina.” e “A relação do trabalho ao acto da produção dentro do trabalho” sendo assim o ser humano sente-se hostil, estranho e em sofrimento para com o mundo material e a própria atividade (trabalho). Criando uma auto-alienação e distinção entre a vida pessoal e o trabalho, ‘objetivação da vida genérica do homem.’
Sendo assim o trabalho é visto como um meio para atingir um fim, “são a natureza inorgânica espiritual do homem, os seus meios de vida intelectuais, que ele deve primeiro preparar para a fração e perpetuação – assim também, do ponto de vista prático, formam uma parte da vida e da atividade humanas […] De facto, o trabalho, a atividade  vital, a vida produtiva, aparece agora ao homem como o único meio de satisfação de uma necessidade, a de manter a existência física.” Então a própria vida do homem é um meio de vida , Marx caracteriza o humano como um ser genérico, com uma vida genérica.
Ao contrario dos animais que apenas produzem o que lhes é necessário, o ser humano distingue-se da sua atividade vital, pois considera-a apenas fruto de uma vontade, que lhe proveem e sustenta. O ser genérico e consciente que cria objetos para além do necessário para a sua existência, manipulando a natureza inorgânica e regendo-se também consoante as leis da beleza.
O homem vive na sua própria realidade, no seu mundo manifestando-se através das suas criações. Como consequência, cria-se uma barreira entre o homem e o seu próprio corpo, a natureza e a sua individualidade fruto desta alienação espiritual. As relações humanas também são muitas vezes comprometidas, uma vez que cada indivíduo se encontra na sua própria alienação, alheamento e abstração, lidando assim as suas relações (humanas) tal como o seu trabalho.
A alienação deve ser combatida pela curiosidade e procura do que realmente está a acontecer à nossa volta, para além da nossa pessoa, a curiosidade é crucial para uma vida que vá para além das necessidades físicas, pois é a procura do saber que nos preenche.


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