segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Valor da mercadoria

Na sociedade capitalista, a mercadoria ocupa um lugar de destaque. O mercado, o trabalho e a mão de obra assumem um significado de maior importância. As desigualdades sociais e económicas são inquestionáveis, dando lugar, por sua vez, a termos como corrupção, consumo, pobreza e miséria. O valor do Homem traduz-se no lucro e rentabilidade do seu trabalho.
No século XIX, já Karl Marx tinha a perceção da dureza das condições de trabalho, ao constatar o insuportável e exagerado número de horas de trabalho a que os trabalhadores estavam sujeitos nas primeiras fábricas (onde estavam ainda suscetíveis ao comum roubo do quarto de hora), e as condições perigosas e inseguras em que trabalhavam. Neste contexto, Marx anuncia quando é que o trabalho torna o trabalhador irreal, uma pessoa alienada e afastada da família, e quando é que a mercadoria produzida é mais valorizada na sociedade que o próprio trabalhador. Neste caso, o trabalhador torna-se, efetivamente, mercadoria a ser paga.
Torna-se importante refletir sobre os termos mercadoria, valor de uso e valor de troca. A mercadoria, ao ser útil ao Homem, obtém valor de uso, que, ao poder ser trocado por um valor de uso de outro tipo, adquire também valor de troca. No entanto, tal como Marx afirma na sua obra “O Capital”, este valor de uso só possui valor porque nele está concentrado e materializado trabalho humano abstrato.
De facto, qualquer esforço produtivo de cérebro e músculos do Homem numa determinada matéria é trabalho humano, sendo isso que entra em consideração quando se menciona valor da mercadoria. “A utilização da força de trabalho é o próprio trabalho.” (Karl Marx).

Todavia na sociedade capitalista contemporânea este valor da mercadoria encontra-se de tal forma disfarçado num objeto que interessa a um determinado consumidor, que para este último, todo o trabalho e processo por trás do objeto são de menor relevância. O processo de todo o trabalho humano extingue-se nesse mesmo produto e o valor do mesmo aparenta estar no objeto final, e não no trabalho humano empregue. A mercadoria é, por conseguinte, aos olhos desta sociedade capitalista, mais valorizada que o trabalhador.

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