Na sociedade capitalista, a mercadoria
ocupa um lugar de destaque. O mercado, o trabalho e a mão de obra assumem um
significado de maior importância. As desigualdades sociais e económicas são
inquestionáveis, dando lugar, por sua vez, a termos como corrupção, consumo,
pobreza e miséria. O valor do Homem traduz-se no lucro e rentabilidade do seu
trabalho.
No século XIX, já Karl Marx tinha a
perceção da dureza das condições de trabalho, ao constatar o insuportável e
exagerado número de horas de trabalho a que os trabalhadores estavam sujeitos
nas primeiras fábricas (onde estavam ainda suscetíveis ao comum roubo do quarto
de hora), e as condições perigosas e inseguras em que trabalhavam. Neste
contexto, Marx anuncia quando é que o trabalho torna o trabalhador irreal, uma
pessoa alienada e afastada da família, e quando é que a mercadoria produzida é
mais valorizada na sociedade que o próprio trabalhador. Neste caso, o
trabalhador torna-se, efetivamente, mercadoria a ser paga.
Torna-se importante refletir sobre os
termos mercadoria, valor de uso e valor de troca. A mercadoria, ao ser útil ao
Homem, obtém valor de uso, que, ao poder ser trocado por um valor de uso de
outro tipo, adquire também valor de troca. No entanto, tal como Marx afirma na
sua obra “O Capital”, este valor de uso só possui valor porque nele está
concentrado e materializado trabalho humano abstrato.
De facto, qualquer esforço produtivo de
cérebro e músculos do Homem numa determinada matéria é trabalho humano, sendo
isso que entra em consideração quando se menciona valor da mercadoria. “A utilização da força de trabalho é o
próprio trabalho.” (Karl Marx).
Todavia na sociedade capitalista
contemporânea este valor da mercadoria encontra-se de tal forma disfarçado num
objeto que interessa a um determinado consumidor, que para este último, todo o
trabalho e processo por trás do objeto são de menor relevância. O processo de
todo o trabalho humano extingue-se nesse mesmo produto e o valor do mesmo
aparenta estar no objeto final, e não no trabalho humano empregue. A mercadoria
é, por conseguinte, aos olhos desta sociedade capitalista, mais valorizada que
o trabalhador.
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